segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

HERÓIS INESQUECÍVEIS (9) - YOKO TSUNO


Ela tem aquele arzinho frágil e doce de uma bela gueixa japonesa, mas é também uma destemida figura, plena de inteligência e de ágil combatividade sempre que as circunstâncias a tal a obriguem.
Roger Leloup
A primeira aventura de Yoko Tsuno, criação do belga Roger Leloup (ex-colaborador de Hergé), surgiu a 24 de Setembro de 1970 no n.º 1693 da edição belga da revista "Spirou". Então com argumentos de Maurice Tillieux, apareceram cinco aventuras curtas, às quais se juntou depois uma sexta, todas reunidas no álbum "Aventures Électroniques" (Ed.Dupuis). Mas, algum tempo depois, Leloup resolveu trabalhar a solo, donde a primeira grande aventura, "O Trio do Estranho". A série conta, até hoje, com vinte e seis álbuns.
Yoko é engenheira de electrónica e as suas aventuras vivem-se no ambiente da ficção científica, tanto na Terra como noutros planetas. Ocasionalmente, viaja até ao passado terrestre, como aconteceu em "L'Astrologue de Bruges".
Outros simpáticos personagens secundam Yoko nas suas aventuras: Vic Vidéo, Pol Pitron, Emilia, as gémeas Khâni e Poky, "Rosa da Manhã" e Ingrid Hallberg.
Os argumentos fantasistas de Roger Leloup, na sua passagem ao grafismo, têm a virtude de nos deslumbrar pela sua cuidada e bem aperfeiçoada técnica, muitas vezes, com cenas espectaculares.
Em Portugal, apenas foram editados quatro álbuns. O primeiro, "O Trio do Mistério", pela Assírio e Alvim; os três seguintes, "O Órgão do Diabo", "A Forja do Vulcão" e "Os 3 Sóis de Vinéa", pela Difusão Verbo. 


   
     
   
Na imprensa específica, editaram-se "O Trio do Estranho" e "Mensagem Para a Eternidade", na edição portuguesa (2.ª série) da revista "Spirou". Estas duas narrativas foram depois republicadas no "Jornal da BD". Por sua vez, a efémera revista "Jacaré", publicou "O Órgão do Diabo".
Prancha de "O Órgão do Diabo"
E ficamos por aqui. Que pena este todo tão pouco!...
Todavia, já consta que uma nova editora-BD (de origem espanhola) vai estrear-se entre nós a partir de Janeiro de 2013, e que Yoko Tsuno fará parte do respectivo catálogo.
Yoko Tsuno, em versão gueixa

Yoko Tani, actriz de origem japonesa, que serviu de inspiração a Leloup para criar Yoko Tsuno,
numa cena do filme "First Spaceship on Venus".

"Le Trio de L'Étrange", uma das primeiras aventuras de Yoko Tsuno,
publicada na Spirou belga, a que se seguiriam muitas outras.
  

"La Proie et L'ombre" - prancha 1
Yoko Tsuno - L'Intégrale (volume 1)

"Le Maléfice de L'Améthyste", o mais recente álbum da série,
lançado em Novembro último
"Le Maléfice de L'Améthyste" - prancha 1

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

EVOCANDO (2)... FRANÇOIS CRAENHALS

Nem sempre é preciso esperar-se pela efémera e fugaz comemoração de um centenário para se recordar (deve ser sempre recordado) um grande valor, neste caso da BD, que já "partiu".
Hoje, aqui lembramos o cidadão belga François Craenhals que, para além da sua Arte e das suas constantes afabilidade e humildade, era um apaixonado por Portugal... pelo menos, pelo pouco que teve ocasião de conhecer das quatro vezes que cá veio.
François Craenhals nasceu em Ixelles a 15 de Novembro de 1926 e, não recuperando de uma operação ao coração, faleceu em Montpellier (França) a 2 de Agosto de 2004.
Capa do Almada BD Fanzine (n.º 1)
com auto-retrato de Craenhals
Em 1986, aquando da 5.ª edição das Jornadas Internacionais de BD da Sobreda, foi o primeiro artista estrangeiro a estar presente e a ser homenageado ao vivo.
Como convidado especial, tornou aos Salões-BD da Sobreda (no concelho de Almada) em 1990 e em 1992 e, em 1998, ao Salão-BD de Viseu.
Desde a primeira vinda que ele se deliciava, à mesa, com o nosso pescado, pois sempre afirmava que "o peixe português é considerado o melhor e o mais saboroso". Desde então, provou também, o famoso "vinho verde", do qual ficou adepto. Programava-se para voltar ao "seu" Portugal para rever amigos (sobretudo), mas o coração traiu-o.
A obra de Craenhals, casado em segundas núpcias (quando enviuvou) com a sua colorista Martine Boutin, é muito vasta, mas só parcialmente foi publicada em Portugal.


    
A sua carreira começou em 1950 com Karan, um herói inspirado em TarzanÉ nesse ano que ingressa na equipa da revista "Tintin". Cinco anos mais tarde, aí inicia uma das suas mais famosas e conseguidas séries, "Pom et Teddy", localizada no maravilhoso mundo do Circo.



É em 1960 que cria o herói Deltacuja série não prosseguiu, ficando-se por um único tomo, "Aventura em Sarajevo", publicada, entre nós, no Número Especial do Cavaleiro Andante pelo Natal de 1961.



Criou as curtas séries "Rémy et Ghislaine", "Primus et Musette" e "Fantômette" (que ele não gostava nada, mas que, por razões profissionais, tinha de desenhar) e, também, histórias curtas donde, em algumas, adaptou directamente famosos filmes da época como "O Prisioneiro de Zenda", "A Fuga de Forte Bravo" e "Scaramouche". Nunca completou, com mágoa, a narrativa non-sense "P'tit Dab" e a sua versão de "Thyl Ullenspiegel", jamais foi publicada...

"Forte Bravo" - Craenhals adaptou a BD o filme da Metro Goldwin Mayer.

Uma série mais longa e que também não lhe era muito grata para seu gosto, foi "Os 4 Ases", com argumento de Chaulet (como de "Fantômette"), onde teve a dedicada colaboração do seu assistente Jacques Debruyne, cujos heróis eram os jovens Bouffi, Doct, Lastic, Dina e o cachorrito Óscar.


    
Mas a sua coroa  de glória assenta na esmerada e vigorosa saga medieval "Chevalier Ardent", que aparece pela primeira vez na edição belga de "Tintin", em Janeiro de 1966. Deste herói, resultaram vinte álbuns de histórias longas e cerca de meia dúzia de narrativas curtas. Chevalier Ardent regista-se também, pelo menos na Bélgica, na Filatelia. 
"Chevalier Ardent"
Desta bela série, apenas(!!!) foram editados cinco álbuns em Portugal: um pela Bertrand e os quatro seguintes pela Difusão Verbo (graças à atenção devida de José Luís Fonseca). Em periódicos, saíram algumas aventuras no "Tintin" (edição portuguesa) e no "Mundo de Aventuras". Uma tristeza este "tão pouco"!
Por sua vez, da série "Pom et Teddy" não há algum álbum em português, mas apenas publicações (saudosas) no "Cavaleiro Andante", "Zorro", "Selecções Tintin" e " Mundo de Aventuras". Que "flop" português e que atentado contra o talento de Craenhals!...
Dos quatro álbuns de Fantômette, só os dois primeiros (o quarto já nem foi desenhado por Craenhals) foram publicados pela Edinter. Melhor sorte teve a série infantil "Os 4 Ases" (cerca de quatro dezenas de álbuns) que conseguiu ter entre nós, dezasseis álbuns pela Difusão Verbo.
Entretanto, pelas bandas editoriais francófonas, já há bons registos de reedições (até na versão "integral") de "Chevalier Ardent" e de "Pom et Teddy"... 
(E mais não dizemos, pois estamos fartos de deitar pérolas a porcos...).

"Pom et Teddy" ("Mimi e Tony" na versão portuguesa do Cavaleiro Andante)


"Chevalier Ardent" - Prancha de "L'Arc de Saka"

Prancha de "O Prisioneiro de Zenda" (Cavaleiro Andante n.º 126)

"Os 4 Ases" - série com cerca de 4 dezenas(!) de álbuns publicados,
dezasseis deles em versão portuguesa.

Alguns dos personagens a que François Craenhals deu vida:
Teddy, Chevalier Ardent, Taras Bulba, Delta, Fantômette e o burro Pom

"P'tit Dab", a série que Craenhals nunca completou.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

BOAS FESTAS

O BDBD deseja a todos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.

Tira da série "RIbanho" (com texto de Luís Afonso e desenho de Carlos Rico),
publicada no "Diário do Alentejo", em 21.12.2007.

sábado, 22 de dezembro de 2012

HERÓIS INESQUECÍVEIS (8) - GARTH

Popular personagem da Banda Desenhada inglesa, Garth nasceu no jornal britânico "Daily Mirrror", na forma de tiras, a 24 de Julho de 1943. Seu criador foi Steve Dowling.
Steve Dowling e Frank Bellamy
Depois de cerca de seis dezenas de aventuras, John Allard substituiu Dowling e logo se seguiu o notável Frank Bellamy. Para a série, foram surgindo outros argumentistas. Pelos desenhistas, vieram depois, Martin Asbury e Huw J. Davies (este, desde 2008).
"The Mask of Atacama" - Garth desenhado por um gigante da BD inglesa: Frank Bellamy
O atlético Garth, sem ser propriamente um super-herói, aproxima-se bastante a este tipo de personagens da Banda Desenhada. Graças ao apoio do seu amigo, o Prof. Lumièreconsegue viajar no tempo, tanto para o passado como para o futuro e até, para outros planetas.
As aventuras de Garth foram, embora não na totalidade, largamente publicadas em Portugal, em "O Mosquito", "Titã", "Mundo de Aventuras", "Selecções do Mundo de Aventuras", "Comix", "Jornal do Cuto", "Condor", etc. E ainda, se não estivermos confundidos, no extinto vespertino lisboeta, "A Capital".
  
Na versão álbum, apenas dois em Portugal, pela extinta editora Futura, em 1982, com capas elaboradas por Augusto Trigo.
Garth na colecção "Antologia da BD Clássica" (edições Futura), com capas de Augusto Trigo
E, até ao momento, nada nos garante que as aventuras de Garth tenham chegado ao fim, pois se foram iniciadas em 1943, terão terminado a 22 de Março de 1997... Porém, toda esta bela série foi reiniciada a 13 de Agosto de 2008, com o grafismo do já citado Huw Davies.
Garth desenhado por Steve Dowling, o seu criador ("O Mosquito" n.º 1196).
De seguida mostramos alguns exemplos da arte de Frank Bellamy:


Garth no "Mundo de Aventuras" nº 436, com capa de Zé Netto
Garth na revista "Comix" nº4, com capa de Carlos Alberto Santos