sábado, 9 de fevereiro de 2013

LITERATURA E BD (1) - A OBRA DE EÇA NA BANDA DESENHADA

Neste recém-nascido 2013, apesar do vampirismo arrogante e impune da Troika e desse pessoal que diz que nos governa(?!...), há sectores da nossa Pátria que ainda se sacrificam (sabe-se lá com que amarguras) por e para fazer obra. É o caso cultural da Banda Desenhada. Assim, os sempre tão esperados e concorridos Salões BD, estão a programar-se: Moura, Beja, Viseu e Amadora. Até consta que o da Sobreda (1982-2006) vai renascer...
Há algum tempo, e em boa hora, os devidos responsáveis de Moura e de Viseu, coligaram-se para o todo ou para certos espaços específicos. Daqui, por exemplo, o espaço "A Obra de Eça de Queiroz na Banda Desenhada", vai estar patente em Moura (Abril e Maio) e em Viseu (Agosto ou Setembro). É um glorioso "luxo" didáctico-cultural que Eça bem merece!
Eça de Queiroz (1845-1900)
Escritor mundialmente conhecido, traduzido e lido, muitas vezes tão inteligentemente mordaz, José Maria Eça de Queiroz, nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa de Varzim e faleceu aos 54 anos, em Paris, a 16 de Agosto de 1900.
Romancista, cronista e poeta, teve cargos políticos, como o de embaixador no Brasil, Cuba e Inglaterra.
Algumas das suas obras têm sido adaptadas ao Cinema, ao Teatro e à Televisão, mormente em Portugal, Brasil e México.
E pela Banda Desenhada? Pois pela admirável 9.ª Arte, aqui vai "tudo" o que conseguimos apurar:
O grande mestre português Eduardo Teixeira Coelho (muitas vezes assinou apenas como ETC, as iniciais do seu nome), foi o que mais adaptou textos de Eça: "A Aia", "A Torre de D. Ramires", "O Defunto", "O Suave Milagre", "O Tesouro" e "São Cristóvam" (esta, para nossa tristeza, ficou incompleta). As completas foram também editadas no Brasil com capas do também nosso e saudoso Jayme Cortez.
Prancha de "O Defunto", por Eduardo Teixeira Coelho
Para além destas versões estreadas na revista "O Mosquito", algumas foram reeditadas em álbum pela Futura e pela Vega.
"Contos" de Eça de Queiroz (Ed. Vega)
Com edição da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, foi editado o álbum "O Defunto" com grafismo de José Morim.
Também em Portugal, Joaquim Oliveira Ribeiro, arrojou-se (e bem) a adaptar "O Primo Basílio" (que ainda não terminou por razões de saúde) e Eugénio Silva, mal terminou a biografia de "José do Telhado", logo encetou a adaptação do conto queiroziano "A Perfeição". 
Prancha de "A Perfeição", numa adaptação de Eugénio Silva.
Ainda em Portugal, José Manuel Saraiva, adaptou o conto "Singularidades de uma Rapariga Loira".
Baptista Mendes, em duas pranchas, desenhou "O Chinês e a Cobra", texto extraído de "Cartas Familiares", que foram publicadas no "Jornal do Exército" em Março de 1979.
É do Brasil que nos chegam exemplos de outros textos de Eça de Queiroz na BD, às vezes conotados com a Argentina e a Itália. Assim, temos:
"A Relíquia" (Ed. Conrad), numa espantosa e ousada adaptação, com o grafismo de Francisco Marcatti...

"A Relíquia", por Francisco Marcatti
  
... e "O Tesouro" (não publicado, existindo apenas na Internet) por Luiz Marcelo
Nos anos 50, a revista brasileira de Banda Desenhada "Romance Ilustrado", no seu n.º 6, editou "A Ilustre Casa de Ramires" que, supomos, seja do italiano ou italo-brasileiro C. Raineri
Outra glória que nos chegou de além-Atlântico é a muito interessante versão de "O Mandarim", publicada no n.º 1 da brasileira "Revista Ilustrada" (em 1956), com grafismo do argentino Enrique Vieytes e capa do falecido ilustrador brasileiro Aylton Thomaz.
Versão de "O Mandarim" (Revista Ilustrada, N.º 1), com capa de Aylton Thomaz
Já são belos e emotivos exemplos em que a Banda Desenhada honra o nosso grande e atento escritor. São exemplos destes que estarão expostos nos Salões BD de 2013, em Moura e em Viseu... E quiçá, também façam uma
"visita" pela Póvoa de Varzim...
Registamos aqui o nosso agradecimento sincero a quem nos apoiou nesta pesquisa: Dr. Juarez Antonio Leoni (Brasil), Drª. Armanda Patrício (irmã de Joaquim Ribeiro), Carlos Gonçalves, Jorge Magalhães, José Manuel Vilela, Leonardo De Sá, Baptista Mendes e Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Muito e muito obrigado.
E, como citou Eça quando Portugal sofria uma crise semelhante à actual: "Isto já não vai com palavras; só vai com umas bengaladas!"

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