sábado, 27 de setembro de 2014

DE ACTORES A HERÓIS DE PAPEL (3): JERRY LEWIS

Jerry Lewis
Joseph Levitch, ou seja, o actor-cantor-argumentista-cineasta Jerry Lewis, nasceu a 16 de Março de 1926 em Newark (Estados Unidos), sendo filho de pais judeus russos. Viveu e cresceu num ambiente familiar ligado ao espectáculo.
Jerry, que chegou a usar como nome artístico Joey Lewis no decorrer ainda das suas jovens idade e carreira, acabou por fazer parceria com o cantor-actor Dean Martin (1917-1995) em vários espectáculos de Teatro e/ou de Televisão, e em muitíssimos filmes, a partir de 1949, como My Friend Irma ("A Minha Amiga Irma", filme de estreia da parceria), Sailor Beware ("Marujo, o Conquistador"), Scared Stiff ("O Castelo do Terror", com Carmen Miranda), Artists and Models ("Artistas e Modelos", com Shirley McLaine) e Hollywood or Bust ("Um Espada para Hollywood", com Anita Ekberg).

A 26 de Julho de 1956, a parceria desfez-se. Sem deixarem de ser amigos e de ocasionalmente actuarem juntos no palco ou na televisão, o divertido e "esquizofrénico" Jerry Lewis e o galã (sempre um tanto canastrão) Dean Martin, seguiram carreiras a solo. Por aqui, Jerry soma alguns filmes muito bem conseguidos, como The Delicate Delinquent ("O Delinquente Delicado"), Cinderfella ("Cinderelo dos Pés Grandes"), The Nutty Professor ("As Noites Loucas do Dr.Jerryl"), Boeing Boeing (com Tony Curtis) e Which Way to the Front? ("Onde
Fica a Guerra?").

Uma das melhores cenas de Lewis (do filme "Who's minding the store") 

A carreira na Banda Desenhada, de ambos ou a solo com Jerry, segue muito perto e com uma relativa cumplicidade, com a de Bob Hope, que já aqui referenciámos.
Foi também a DC Comics que se aprontou a criar a série, em revistas mais ou menos mensais, sob o título "The Adventures of Dean Martin and Jerry Lewis". Uma aposta que resultou por alguns bons primeiros tempos.

Todavia, já que profissionalmente a dupla se separou, a série continuou sim, mas apenas focando titularmente Jerry Lewis.
Em relação à série Bob Hope e a esta (ou estas), há pequenas diferenças e pontos de encontro, visto a editora ser a mesma: os argumentos são de Cal Howard (já conotado ocasionalmente com Bob Hope). O grafismo coube a Bob Oksner e depois a Neal Adams, ambos também ligados à série paralela de Bob Hope.

E pronto. Aqui se regista o que foi possível esclarecer e divulgar em referência Jerry Lewis e ao seu temporário parceiro Dean Martin.
LB







quarta-feira, 24 de setembro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (59)

UN GROS CHIEN AVEC UNE BLONDE - Edição Dupuis. Autor: Hermann.
Este é o 33.º tomo da incontornável série "Jeremiah".
É difícil falarmos da vasta obra de Hermann, pois que, cada tomo que surge é um triunfo garantido. Excluindo a mini-série infantil "Nic" (três tomos), toda a obra do incansável Hermann (seja como autor absoluto seja em parceria com algum argumentista), toda ela vigora, intensa e magnífica, na sua crueza realista.
E agora, com "Un Gros Chien Avec Une Blonde", da série "Jeremiah" (a que mais álbuns comporta), enfrentamos o sempre bem-vindo talento criativo deste grande mestre belga.
Jeremiah e o seu inseparável amigo Kurdy, continuam a atolar-se onde não devem, entre sexo e violências, num mundo dominado pela loucura dos homens e onde impera a lei do mais forte.
"Un Gros Chien Avec Une Blonde" é mais um álbum a merecer calorosos aplausos. Parabéns, Hermann!


L'IMMONDE PERDU - Edição Les Humanoïdes Associés. Autores: o argumentista belga Jerry Frissen e, na arte gráfica, o português Jorge Miguel.
Continua a hilariante barafunda de vivos e mortos-vivos. Uma caça a um tesoiro? Pois sim!... Mas até lá acontecem absurdos bem divertidos com os vivos, os dinossáurios zombies, os zombies dinossáurios e os zombies normais... Uma bem delirante loucura!
"L'Immonde Perdu" é o segundo tomo da série "Z Comme Zombies" e os seus autores, Jerry Frissen e Jorge Miguel, estão mais uma vez de plenos parabéns.


VOLTAGEM - Edição Asa. Autores: Philippe Graton e Denis Lapière no argumento e Marc Bourgne e Benjamin Benéteau no traço.
"Voltagem"  é o segundo tomo da "nova temporada" da série "Michel Vaillant".
No famoso Lago Salgado (Estados Unidos), Michel Vaillant vai apostar-se numa arriscada prova de extrema velocidade com um novo protótipo que ainda não dá garantias de segurança no seu uso... Uma atrevida jornalista insinua-se, provocando ciúmes à esposa do corredor. Michel Vaillant, se aqui tem a alegria de reencontrar o seu velho amigo Steve Warson, vai ter como concorrentes o conhecido Payntor, mas, sobretudo, a equipa "Leader", sempre tão desleal.
Mas bem antes, num laboratório, Patrick (filho de Michel) sofreu um grave acidente e terá de se sujeitar a uma delicada operação. Assim, enquanto Michel Vaillant acaba por vencer a prova no Largo Salgado, é informado que a operação do filho correu mal...


DE VERRE ET D'ACIER - Edição Lombard. Autores: o argumentista Emmanuel Herzet e o desenhista Alessio Coppola. 
"De Verre et d'Acier" é o segundo tomo da série "Duelliste".
Na melhor linha das aventuras de capa-e-espada, donde "heróis" famosos (fictícios ou não) como D'Artagnan, Lagardère, Cyrano de Bergerac, Capitaine Flambèrge, etc. Nesta série, o herói é o duelista Antoine Velayne.
Ele é um destemido duelista que vende os seus serviços para combater na vez de cobardes desafiados, em pleno reinado de Louis XIV de França. Mas, para além das habituais intrigas, dos duelos entre espadachins e de breves momentos eróticos, aqui vigora também uma onda esotérica à volta da mítica pedra filosofal... Pormenor: o famoso D'Artagnan, agora mais pesado e um tanto envelhecido, tem, neste tomo, uma breve intervenção.
LB

domingo, 21 de setembro de 2014

BREVES (5)

MAFALDA NA FNAC
Os 50 anos de Mafalda continuam a ser assinalados um pouco por todo o lado, provando que a popularidade desta personagem se mantém intocável.
Depois de Viseu (onde o Gicav organizou uma exposição comemorativa que esteve patente entre 9 de Agosto e 14 de Setembro), é a vez da Fnac promover duas sessões com Pedro Cleto, onde teremos oportunidade de recordar ou descobrir a mais conhecida contestatária da BD, as suas bandeiras, os seus ódios de estimação, os seus amigos e o seu autor Quino, e poderemos dar uma pequena espreitadela à edição comemorativa dos 50 anos da Mafalda, a lançar brevemente pela Verbo. 
As duas sessões terão lugar hoje, dia 21, às 17:00 horas, na Fnac do Norte Shopping e dia 26, sexta-feira, às 22:00 horas, na Fnac do Gaia Shopping.


IV BIENAL LUÍS DE OLIVEIRA GUIMARÃES
Por sua vez, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, inaugura na próxima quinta-feira, dia 25, às 19:00 horas, a IV Bienal de Humor Luís de Oliveira Guimarães.
A mostra - que encerrará a 17 de Outubro - é uma produção da Humorgrafe (Osvaldo de Sousa) e tem organização da Câmara Municipal de Penela, Junta de Freguesia do Espinhal e Família Oliveira Guimarães.


JIJÉ EM VISEU

Por fim, teremos em Viseu a exposição comemorativa do Centenário de Jijé, uma produção conjunta entre o Gicav e a Câmara Municipal de Moura.
Luiz Beira é o comissário desta mostra que inaugura dia 4 de Outubro, na Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva e cujo encerramento está agendado para 31 do mesmo mês.
Romain Gillain, um dos netos de Jijé, que se encontra a residir no nosso país, já confirmou a sua presença na inauguração.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

HERÓIS INESQUECÍVEIS (31) - JEAN VALLARDI

Neste ano de 2014 em que mais do que merecidamente se evoca o primeiro centenário de um dos maiores mestres da Banda Desenhada europeia, o belga Jijé (Joseph Gillain), aqui se têm focado os seus fundamentais heróis-séries: Tanguy e Laverdure e o herói-ícone, Jerry Spring... 
Jijé (1914-1980)
Aliás, Jijé abordou com o seu talento e a sua perícia, diversos temas. É pois justo que aqui se evoque um dos seus também célebres heróis: Jean Valhardi.
Notoriamente conhecido pelos nossos bedéfilos de gerações mais "maduras", Jean Valhardi (em Portugal, chamaram-lhe então João Valente!!!), injustamente, foi quase nada editado em português; apenas cinco aventuras (?!): "O Sol Negro", (iniciada no "Foguetão", de 1 a 13, e continuada no "Cavaleiro Andante", do 510 ao 523); "O Raio Super-Gama" (no "Cavaleiro Andante", do 393/420 e 422/429) e "A Máquina de Conquistar o Mundo" (no "Cavaleiro Andante", n.ºs 433-446 e 448-466), sendo estas duas desenhadas magistralmente por Eddy Paape, que foi discípulo de Jijé. E
ainda, na revista "Zorro" (do nº 38 ao 48), "A Quadrilha do Diamante".
Todavia, uma das mais entusiasmantes aventuras de Valhardi, surgiu num Número Especial do "Cavaleiro Andante", sob o traço de Eddy Paape: "O Castelo Maldito".
Ora então, vamos lá:
A primeira aventura de Jean Vallardi
Foi a 2 de Outubro de 1941, no n.º 40 da revista belga "Spirou" (sob edição Dupuis) que surgiu a primeira aventura de Jean Valhardi, com argumento de Jean Doisy e arte de Jijé. Tratava-se de "Valhardi Detective".
Quem era este atrevido, esbelto e corajoso herói? Nasceu como investigador de seguros... Pois sim! O evoluir da sua forte personalidade levou a que ele acabasse por ser um aventureiro "puro e duro". Seus "oficiais" companheiros: o pândego e bonacheirão Arsène e o adolescente Gégène. Este, com a continuação da série, virá a ter alto protagonismo. Anteriormente, Valhardi teve como companheiro de aventuras, o jovem Jacquot.
Contudo, Jean Valhardi, não teve uma "vida fácil". Não, não teve! Com altos e baixos, com paragens e continuações, teve, assim a modo solto, como argumentistas: Jean Doisy, Eddy Paape, Yvan Delport, Jijé, Philip (um dos filhos de Jijé), André-Paul Duchâteau e Jacques Stoquart. E desenhistas, para além de dois períodos com o grafismo de Jijé, o saudoso Eddy Paape e René Follet, e ainda, como assistente de Jijé, Guy Mouminoux. Toda uma honrosa equipa (ou galeria de autores) que tão bem soube construir o universo Valhardi.
Pelas Éditions Dupuis, as aventuras deste herói totalizam 17 álbuns, com predominância da arte de Jijé, alguns por Paape e, cremos, mais dois sob o traço de Follet.
Voltaremos a abordar este herói, pois pelo que nos confidenciou Romain Gillain (um dos netos de Jijé, que reside em Portugal), a Dupuis, muito em breve vai reeditar esta série na versão "Integral". Pois venha ela então!...
LB

Jean Vallardi no "Cavaleiro Andante", sob o traço de Eddy Paape


Outra aventura de Jean Vallardi desenhada por Eddy Paape

 
Jean Vallardi no "Cavaleiro Andante", agora sob o traço de Jijé.




Prancha de "L'affaire Barnes"

Prancha de "Le Mauvais Oeil"


Prancha de "Le Secret de Neptune"



Jean Vallardi sob o traço de René Follet

domingo, 14 de setembro de 2014

EVOCANDO (11)... FERNANDO BENTO

Fernando Bento (1910-1996)
Foi nesta data, 14 de Setembro, no ano de 1996, que o mundo português da Banda Desenhada perdeu um dos seus mais distintos e extraordinários criadores: Fernando Bento. Por isso o recordamos hoje e aqui, pois não está nem poderá estar esquecido.
Encantador em diversas versões artísticas (ilustrador, figurinista, capista, caricaturista, banda desenhista, pintor e maquetista), de seu nome completo Fernando Trindade Carvalho Bento, nasceu em Lisboa a 26 de Outubro de 1910.
Em vida, foi homenageado nos Salões  da Sobreda, Amadora, Lisboa, Porto, Viseu e, postumamente, em Moura. 
Em 2010, pelo primeiro centenário comemorativo do seu nascimento, houve uma tocante exposição de homenagem que esteve patente em Moura, Sobreda, Viseu e Beja. Uma outra, diferente, foi exibida na Amadora. 
Lisboa (1999) e  Sobreda (2011) incluíram o seu nome nas respectivas toponímias.
A sua vasta obra espalha-se por inúmeros periódicos. Chegou a ser editado na Bélgica e em Espanha. A maioria da sua marcante obra regista-se nas páginas de "Diabrete" e "Cavaleiro Andante", com algumas histórias reproduzidas também no "Mundo de Aventuras".


Prancha de "Beau Geste", in Caveleiro Andante (#9)
Também algumas criações suas - muito poucas, no entanto! - conheceram a versão álbum e/ou mini-álbum, como por exemplo: "Beau Geste", "A Ilha do Tesouro", "Com a Pena e Com a Espada" (as vidas de Camões e de Afonso de Albuquerque), "Serpa Pinto", "O Mistério do Tibete", "A Montanha do Fim-do-Mundo ", "Moby Dick", "A Revolta na Jamaica", "Regresso à Ilha do Tesouro " (que ficou incompleto, pois não chegou a elaborar a terceira parte), "As Mil e Uma Noites","Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho" e "O Anel da Rainha de Sabá ".


 

Outras admiráveis glórias da sua Banda Desenhada aguardam ainda publicação em álbum, se houver um arrojado e competente editor para tal: "As Minas de Salomão", "Nun'Álvares", "Matias Sandorf", "Scaramouche", "O Pagem do Rei", "A Ilha Perdida", "A Torre de Sete Luzes", "Quentin Durward", "A Ilha Misteriosa", "Emílio e os Detectives / Emílio e os Três Gémeos", a breve serie sobre o detective Sherlock Holmes, etc. Talvez um dia...
Hoje e sempre, o artista e amigo Fernando Bento, está sempre connosco!
LB



Capa/prancha de "O Patinho Feio", in Diabrete (#643)
Cabeçalho para um texto adaptado de "O Pequeno Lord", in Diabrete (#646)

Prancha de "O Pagem do Rei", in Diabrete (#646)
Prancha de "As Minas de Salomão", in Diabrete (#724)
Prancha de "O Diadema das Esmeraldas", in Cavaleiro Andante (#390)
Prancha de "A Vida Aventurosa de Serpa Pinto", Edição Gicav

Capa do número especial dos "Cadernos Moura BD" dedicado a Fernando Bento,
com edição da Câmara Municipal de Moura (2010)
Capa do n.º 21 dos "Cadernos Sobreda BD" com edição da
Junta de Freguesia da Sobreda e da Câmara Municipal de Almada (2010)
Capa do álbum "Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho",
com edição do Gicav e da Câmara Municipal de Viseu (2010)