sexta-feira, 31 de outubro de 2014

BREVES (7)


JOÃO AMARAL PUBLICA NOVO ÁLBUM - Como já aqui noticiáramos em primeira mão, João Amaral prepara-se para publicar o álbum "A Viagem do Elefante", baseado no romance homónimo de José Saramago. O lançamento está previsto para finais do próximo mês de Novembro, com chancela da Porto Editora.
Enquanto aguardamos, deixamos aqui imagens da capa e de uma prancha ainda por legendar, por especial deferência do autor.


AMADORABD: PRÉMIOS NACIONAIS DE BANDA DESENHADA - É já neste sábado, dia 1, que serão entregues os Prémios Nacionais de Banda Desenhada, inseridos na vigésima quinta edição do AmadoraBD.
Para além dos Prémios para o Melhor Álbum, Melhor Argumento e Melhor Desenho, entre outros, destacamos também o Troféu de Honra atribuído este ano, com todo o merecimento, a Baptista Mendes, que lançou recentemente o álbum "Portugueses na Grande Guerra" do qual também já aqui falámos.
A cerimónia está marcada para as 19:00 horas, nos Recreios da Amadora.



JOSÉ PIRES DISTINGUIDO LÁ FORA - José Pires, outro veterano da nossa BD, tem-se dedicado nos últimos anos a recolher, restaurar e editar em formato fanzine algumas das mais famosas séries inglesas publicadas em jornais e revistas de outros tempos. Uma dessas séries é "Rob the Rover" (conhecida entre nós sob o título "Pelo Mundo Fora"), que fez furor entre os leitores d' "O Mosquito" e que ainda hoje é alvo de devoção de muitos bedéfilos. Tal é o caso da Rob the Rover / Willy Committee, uma associação de fãs dinamarqueses da série, que decidiu este ano distinguir justamente José Pires pela edição completa, em português e em inglês, desta obra em 26 números. Parabéns José Pires!




BALCÃO TRAUMA 2 - Entretanto, Álvaro prepara o segundo volume de "Balcão Trauma" depois de ter publicado o primeiro em 2013. A continuação da saga do "rapaz com problemas com a mãe que depois de ter tido uns problemas com a funcionária de um centro de cópias é levado em braços para o serviço de urgência de um hospital (...)" tem edição prevista para o primeiro trimestre de 2015. Aguardemos, pois.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (61)

LOGICOMIX - Edição Gradiva. Argumento de Apostolos Doxiadis e Christos Papadimitriu, traço de Alecos Papadatos e cores da francesa e esposa de Alecos, Annie Di Donna. E um belo e elucidativo prefácio pelo Prof. Jorge Buescu da Faculdade de Ciências da Univesidade de Lisboa.
A Matemática, tradicional pavor de uma larga maioria de estudantes... (Ah, recordo bem o pândego conto de Arkadi Averchenko, "Maldita Matemática!", editado há anos na Colecção Mosaico da Fomento de Publicações, Ldª). Pois é por aqui que quase começa esta história de "Logicomix, Uma Busca Épica da Verdade".
Há a Matemática, a Lógica, a Filosofia, a política pacifista de Bertrand Russell (1872-1970) e deste, as suas inquietações, as suas investigações, as suas conclusões, etc, etc. Com Russell, uma maravilhosa viagem pelas ideias e discussões e dogmas (talvez) através dos tempos. Curioso: os quatro principais criadores desta densa e entusiasmante obra (são mais de 300 páginas), lá estão também como personagens.
O texto é sempre aliciante e o grafismo leve e belo, por vezes, com um toque de humor. E ante o nosso caloroso e merecido aplauso por esta novela gráfica, é caso para se dizer que chegaram os gregos. E chegaram em força com os argumentistas Doxiadis e Papadimitriou e o desenhista Alecos Papadatos!
Enfim, uma obra da 9.ª Arte para ler e admirar.


LA SÉDITION NIKA - Edição Lombard. Argumento de Romain Sardou e grafismo do jovem brasileiro Carlos Rafael Duarte. 
"La Sédition Nika", episódio baseado num facto real e histórico, é o primeiro tomo da série "Maxence".
Enquanto o Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, se esboroava irremediavelmente, o Império Romano do Oriente (ou Bizantino), com sede na grandiosa Constantinopla (ex-Bizâncio e, mais tarde sob o domínio turco, como Istambul), crescia e impunha-se. Dirigia este império Justiniano I, com as prepotências de sua esposa, a maquiavélica e devassa Teodora. Nesta série, entra agora Maxence, personagem fictícia... A miséria do povo e os exagerados impostos acirram ferozmente as rivalidades entre os partidos (clubes ?!...) "Os Verdes" e "Os Azúis". E estoirou  uma sanguinária revolta, a de Nika... O bravo e atento Maxence, com enigmáticas aproximações a Teodora, actua de um modo estranho e corajoso, de forma a que os inimigos de Justiniano não o destronem e executem Teodora...
Notas curiosas: Romain Sardou (filho do notável cantor Michel Sardou), sendo romancista, agora se estreia como argumentista de BD. Por sua vez, o desenhista brasileiro Carlos Rafael Duarte, com trabalhos seus no Brasil e nos Estados Unidos, lecciona esta Arte no Rio de Janeiro (onde reside) e estreia-se agora pela BD europeia. Aplausos para ambos!


LA TERRE PROMISE - Edição Casterman. Autor: Denis Bajram.
Com momentos gráficos espectaculares, "La Terre Promise" é o segundo tomo da série de ficção "Universal War Two".
Numa situação bem inqietante pelo Universo, tudo é um pesadelo e tudo se anuncia para um aniquilamento de povos e de planetas. Misteriosas forças, numa pavorosa acção de destruição, não encontram quem as trave de tal programação impiedosa. Mas, mesmo assim, a temerária e inconformada jovem Théa, talvez seja capaz de evitar a hecatombe total...


LA DONATION KONSTANTIN - Edição Dargaud. Autor: Olivier Berlion.
"La Donation Konstantin" é o sétimo tomo da série "Tony Corso", um detective privado ao serviço do "jet-set", que assim se explica: "Se o dinheiro não traz a felicidade, não há dúvida, que ele faz a minha".
E desta vez, ele vai resolver ou tentar resolver, um escabroso enigma que, localizado na Grécia, vai também envolver os misteriosos monges ortodoxos, sempre tão fechados e selectivos em si próprios...

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (1)

O BDBD orgulha-se de estrear hoje uma rubrica, que tem a particularidade de ter como autor dos textos um nosso colaborador e amigo, José Ruy, nome grande da banda desenhada portuguesa, que, curiosamente, já aqui foi entrevistado.
Numa casual troca de e-mail's, lançámos o repto a este autor para que nos falasse um pouco sobre a sua experiência nas redacções dos muitos jornais infanto-juvenis por onde passou e José Ruy acedeu, com toda a disponibilidade e prontidão, a esse desafio, contando-nos algumas das suas memórias que, de outro modo, provavelmente se perderiam no tempo.
Agradecemos-lhe por isso, em nosso nome e em nome de todos os que, ainda hoje, recordam com saudade «O Mosquito», o «Cavaleiro Andante« ou o «Diabrete», revistas que faziam as delícias da rapaziada nos anos 30, 40, 50 e 60. 
Esta será, também, uma oportunidade única para os que se interessam pela história da BD portuguesa, já que este conjunto de artigos (quinze no total, ao ritmo de aproximadamente um por mês) lhes permitirá perceber um pouco melhor como eram produzidos estes e outros títulos que tanto sucesso fizeram entre a pequenada daquela altura.  
Comecemos, então, pelo jornal mais emblemática da BD portuguesa: «O Mosquito».


1 - COMO ERAM POR DENTRO AS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTIS
por José Ruy

Uma das perguntas que tenho ouvido fazer com alguma frequência por quem se interessa em saber mais sobre publicações periódicas para jovens, é de como funcionavam as redações, quais os prazos exigidos aos autores para a entrega dos originais e como era o ambiente nessas verdadeiras fábricas de sonhos.
Posso relatar a minha experiência do que vivi no interior de algumas dessas redações. Comecemos por um jornal infanto-juvenil, particularmente especial e fascinante, que fez história, para além das que publicou: «O Mosquito».

Anúncio publicado no Diário de Notícias descoberto por Leonardo De Sá
e Capa do n.º1, reprodução de Catherine Labey.

A redação era integrada na sua própria oficina e em edifício próprio, melhor dizendo pertença da família do Tiotónio, na Travessa de São Pedro n.º 9 em Lisboa. É certo que a primeira redação deste mítico jornal funcionou provisoriamente na Travessa das Pedras Negras, n.º1 na Litografia Castro onde era impresso. No entanto o Raul Correia (Avozinho) e o António Cardoso Lopes (Tiotónio), diretores literário e artístico, realizavam «O Mosquito» na Amadora onde residiam em moradias geminadas.
Tiotónio e Raul Correia
O Tiotónio deslocava-se à oficina ao fim da tarde, para entregar os originais e desenhar as cores diretamente nas chapas de zinco Offset, depois de terminar a sua função na entidade bancária onde era funcionário.
A correspondência dos leitores era dirigida para a morada do Tiotónio, na Amadora, que a entregava depois ao Raul Correia que respondia no jornal e por vezes mesmo diretamente pelo correio.
Havia também o «Correio da Ti’réne, secção de meninas» dirigido pela irmã mais velha do Tiotónio, Irene Cardoso Lopes, que tratava de bordadinhos para os vestidos das bonecas. Esta secção saiu muito poucas vezes. Só muito mais tarde a irmã mais nova, a Mariana Cardoso Lopes viria a dirigir «A Formiga» com uma periodicidade marcante.
O jornal começou por ser distribuído pela Empresa Nacional de Publicidade detentora do Diário de Notícias. No natal de 1936, no primeiro ano de publicação, saiu um número especial com 20 páginas pelo mesmo preço, 5 tostões, mas com alguns dias de atraso devido a «uma avaria na máquina impressora», segundo explicação dada no próprio número, mas que teria sido, isso sim, pelo acréscimo de 12 páginas às 8 habituais, pois a máquina era lenta e não correspondia ao que lhe exigiam.
Durante três anos o jornal foi ampliando as vendas, obrigando a um aumento crescente da tiragem, praticamente de número para número. No início fora utilizada uma velha máquina com 60 anos já, plana e marginada à mão, quer dizer que o papel era metido folha a folha, por operários especializados, exemplar por exemplar. Quando a tiragem aumentou de 5000 exemplares para 15000 tiveram que passar a impressão para outra máquina mais «moderna» ou melhor dizendo, não tão velha como a anterior. Mas a procura nas bancas de venda era cada vez maior, os assinantes aumentavam e «O Mosquito» atingiu os 15000 exemplares. Passou a ser impresso noutra máquina, a mais rápida da oficina.
Mesmo assim não dava vazão e começaram a surgir problemas de resposta por parte da gráfica, não conseguindo entregar o número de exemplares correspondentes a uma semana.
Saía com um ou dois dias de atraso, mas o público era fiel e esperava a continuação das aventuras com ansiedade e interesse.
A primeira...

...a segunda...

...e a terceira máquinas que na Litografia Castro imprimiram «O Mosquito»

O Tiotónio e o Raul Correia procuraram uma outra gráfica que tivesse capacidade para imprimir o jornal a tempo e horas, mas as que existiam na zona de Lisboa só conseguiriam cumprir os prazos se não aceitassem mais trabalhos de outros clientes, o que significava ocuparem as máquinas a tempo inteiro tornando impraticável o orçamento, que ao subir já não permitia manter o preço de capa de «cinco tostões», metade de um escudo, um dos grandes trunfos do êxito da publicação.
Nessa altura tiveram uma proposta da Empresa Nacional de Publicidade, a sua distribuidora, de aquisição do jornal ficando à mesma os seus diretores com a responsabilidade da edição, mas transformando-se em «assalariados» da Empresa. As condições apresentadas não agradaram ao Tiotónio nem ao Raul Correia.
A famosa impressora Rolland
Então pensaram a sério em montar oficina própria e adquirirem uma máquina muito rápida que conseguisse fazer a tiragem no tempo desejado e pudesse acompanhar a sua possível subida. Foi escolhida por catálogo uma impressora Offset, novo modelo acabado de lançar, a última palavra da marca alemã Rolland. Imprimia numa hora o que as outras máquinas existentes no parque gráfico nacional conseguiam num dia, seis mil exemplares. Em 1939 a redação começou então a funcionar em edifício próprio com as oficinas englobadas.
Foi nesse espaço que tive a felicidade e a oportunidade de trabalhar, a partir de 1947, na seleção manual das cores e também na parte artística depois que o Manuel Velez (irmão do António Velez, autor da maior parte das construções de armar) partiu para a África.
A bancada onde desenhava as cores de «O Mosquito», na janela que dava para a Rua dos Mouros, no Bairro Alto, e a mesa onde o Baptista Moreira montava o jornal. De pé, O Tiotónio.

Vou então contar como funcionava essa redação integrada na oficina.
A instalação abrangia várias divisões de uma antiga casa de habitação que foi perfeitamente adaptada à função.
(Continua)

No próximo artigo: A PLANTA DA REDAÇÃO 

Nota: Apesar de os textos do BDBD não obedecerem ao novo acordo ortográfico, por discordarmos dele, os textos de José Ruy serão publicados segundo as regras desse acordo, por opção do próprio autor.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (60)

MODIGLIANI - Edição Casterman. Argumento de Laurent Seksit e grafismo de Fabrice Le Hénanff.
"Modigliani, Prince de la Bohème", relata maravilhosamente, no texto e na arte gráfica, a vida amargurada do magnífico pintor e escultor Amedeo Clemente Modigliani, nascido na italiana Livorno a 12 de Julho de 1884 e falecido em Paris a 24 de Janeiro de 1920... com 35 anos.
Genial na sua arte e no seu peculiar estilo, nunca foi feliz, tendo sido vítima de meningite tuberculosa, agravada com o excesso de trabalho e os abusos do álcool (sobretudo o violento absinto) e das drogas. E quase sempre perdido na sua pobreza. Terá convivido com o escultor Constantin Brancusi e com os pintores Cèzanne,Toulouse-Lautrec e Pablo Picasso.  Mas, claro, a sua obra só foi verdadeiramente valorizada após a sua morte... 
Notável e obrigatório de se ver o filme "O Vagabundo de Montparnasse" ("Montparnasse 19"), realizado em 1958 por Jacques Becker e com uma magistral interpretação de Gérard Philipe.


LE PETIT ROI - Edição Soleil. Argumento de Nicolas Jarry, traço de Gwendal Lemercier e cores de Olivier Héban. "Le Petit Roi" é o terceiro tomo da série "Oracle".
Leandro, torna-se,  pela força das circunstâncias, o dirigente do minúsculo reino grego de Serifos, pois ele preferia ser apenas escultor...
A sua palavra não é escutada pelos poderosos de Atenas e de Esparta. E os olímpicos deuses nem sequer reparam nele. Mesmo assim, o implacável Zeus põe-no à prova: promete fazer do seu pequeno reino um porto de paz, se Leandro o conseguir emocionar.
E começa o confronto entre o reizinho e o poderoso deus...


LOUIS XIV e FOUQUET - Edição Casterman. Argumento de Lorànt Deutsch e Rémy Guérin e grafismo de Eduardo Ocaña.
Trata-se do segundo tomo de "Histoires de France", desta vez focando o "calvário"de Nicolas Fouquet ante as sinistras ambições e prepotências de Louis XIV, dito "O Rei Sol".
Nicolas Fouquet, nobre muito rico de França e fidelíssimo a seu rei, Louis XIV, acabou  por ser vítima do próprio monarca absolutista que não o compreendeu (ou não quis) e mais o invejava pelo seu grande bem estar na vida. 
E do rei, para além de uma desmedida inveja, cedo recebeu também um desumano ódio. Por ordem do "Rei Sol", foi encarcerado em 1661 até morrer, sempre sofredor, em 1680. Fouquet foi vítima ignóbil da ambiciosa e cruel vaidade de um rei que falhou pela sua ingratidão. Pois, a sangria desatada da guilhotina só viria a funcionar dois "Louis" bem mais adiante!...


REALPOLITIK - Edição Lombard. Argumento de Benec, traço de Thomas Legrain e cores de Filippo Rizzu.
"Realpolitik" é o oitavo tomo da entusiasmante série político-policial, "Sisco".
Este agente secreto francês anda em maus lençóis, acusado de "erros" de que não é autor. Perseguido por todas as frentes, Sisco, está determinado a descobrir e a castigar os verdadeiros culpados de um lado e do outro.    

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

BREVES (6)



ROMÉNIA BD 2014
Realiza-se, a partir de hoje, 17, até domingo, 19 de Outubro, a 24.ª edição do Salão Internacional de BD da Roménia, que este ano tem lugar na cidade de Constança e, como habitualmente, sob coordenação do incansável Dodo Nitá.
Para além da presença de grandes nomes da BD Romena e de vários desenhistas franceses e belgas, conta pela primeira vez com a participação da Suécia com a presença das desenhistas Sara Olausson e Joanna Hellgren.





AMADORABD 2014
De 24 de Outubro a 9 de Novembro, acontece a 25.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. Até lá, destacamos que o álbum "A Batalha" de Pedro Massano é candidato a prémio em três categorias: Melhor Álbum Português, Melhor Argumento para Álbum Português e Melhor Desenho para Álbum Português.
Por sua vez, Baptista Mendes, é candidato ao Prémio Nacional de Banda Desenhada, Prémio Clássicos da 9.ª Arte.
A Amadora terá ainda espaços dedicados aos 50 anos de "Mafalda" e aos 75 anos de "Batman". Estranhamente, esqueceu-se do 1.º centenário do nascimento de Jijé (comemorado em Moura e em Viseu), um dos maiores mestres da BD europeia!...








BATMAN - 75 ANOS
De 3 a 30 de Novembro, sob organização do GICAV, estará patente no IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude) de Viseu, uma exposição evocativa dos 75 anos do famoso super-herói Batman (Homem-Morcego), exposição que já tínhamos noticiado, mas sem indicar as datas precisas.











O REGRESSO DE MALTESE
Em Outubro de 2015, Corto Maltese, regressa em nova aventura que será publicada em simultâneo em francês, holandês, castelhano e italiano.
Não se trata de uma aventura inédita criada pelo saudoso Hugo Pratt. Desta vez, tem Juan Diaz Canales como argumentista e Ruben Pellejero no grafismo.
LB

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

HERÓIS INESQUECÍVEIS (32) - DAN COOPER

Pela Banda Desenhada, há muitos "heróis" no campo da aviação. 
Com autores-criadores europeus temos os populares Buck Danny (por Victor Hubinon), a parceria Michel Tanguy e Ernest Laverdure (por Charlier e Uderzo, e continuadores) e, impecavelmente, Dan Cooper, sob criação entusiasta do belga Albert Weinberg (1922-2011).
Albert Weinberg, o
criador de Dan Cooper
Já aqui tivemos posts dedicados a Buck Danny e a Tanguy Laverdure. Mas, em falta, estava Dan Cooper, se bem que há muito programado. Do seu criador, Weinberg, lembramos que também elaborou uma "curta" de cinco pranchas, "Magellan" (Fernão de Magalhães), publicada na revista "Tintin" (edições francófonas) em 1954.
Pois o famoso Dan Cooper, sendo criado por um artista belga, é um piloto da aviação militar do Canadá. Este dedicado entusiasmo valeu a Weinberg ser muito honrado pela força aérea canadiana a ponto de ser considerado como um elemento da própria entidade militar do Canadá.
Neste aspecto, Dan Cooper, se bem que fictício, pertence  briosamente à Royal Air Force do Canadá. É um valoroso e romântico herói. Sendo um dos mais antigos e mais clássicos dos três (ou quatro) "heróis"  de aventuras em aviões pela BD europeia, Cooper, tal como todo o trabalho do seu criador, implica um estudo mais vasto, atento e nada leviano.
Dan Cooper nasceu a 17 de Novembro de 1954 no semanário "Tintin" (edição belga). Estreou-se em Portugal a 27 de Janeiro de 1955 no semanário "Flecha". A primeira aventura tem por título "Le Triangle Bleu" ("O Triângulo Azul", na edição francófona e "O Triângulo Dourado", na edição portuguesa).
A primeira capa e a primeira prancha da série 

Para além de algumas aventuras curtas, a série regista mais de quarenta álbuns, dos quais, apenas quatro (?!...) foram editados entre nós: dois pela Distri ("Pânico em Cabo Kennedy" e "Objectivo Jumbo") e dois pela Bertrand ("S.O.S. no Espaço" e "Os Pilotos Perdidos").
Em Portugal, em periódicos, também foram publicadas mais algumas aventuras deste herói: para além da já citada revista "Flecha", contam-se, o "Cavaleiro Andante", a "Nau Catrineta" (suplemento do vespertino "Diário de Notícias") e as revistas "Tintin" (edição portuguesa) e "Mundo de Aventuras".
Prancha de "O Senhor do Sol", in "Cavaleiro Andante" #252 (1956)

Tem alguns especiais companheiros de aventuras, nos ares, no espaço sideral e... na Terra, donde, o jovem Pierrot, o fiel e sofredor canino Coquin e a bela norueguesa Randi, com quem Cooper vive uma certa, arrastada e complicada paixão amorosa...
Enfim, uma série a descobrir ou a reler.
LB




Prancha de "SOS dans l'Espace"






Prancha de "Opération Kosmos 990"

Capa e prancha de "L'Aviatrice sans Nom"

Prancha de "Viking Connection"

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A BD A PRETO E BRANCO(18) - As escolhas de Carlos Rico(8)

FRANK GODWIN (1889-1959)
Ilustrou obras-primas da Literatura Universal como "Os Cavaleiros do Rei Artur", "Robinson Crusoe", "A Ilha do Tesouro", "Contos de Shakespeare", entre outros.
Em 1927 iniciou as aventuras de uma das suas mais conhecidas personagens: Connie. A série durou até 1944, após o que Godwin iniciou outro projecto que lhe traria fama, entre 1948 e 1959, Rusty Riley. 
Esta série foi publicada entre nós com o título "Puro Sangue" (na saudosa revista "Diabrete"). Mais tarde, o "Mundo de Aventuras" publicou alguns episódios de Rusty Riley chamando-lhe... Pedrito. 
Prancha e tira de "Rusty Riley", a obra-prima de Godwin



JAIME BROCAL REMOHI (1936-2002)
Nascido em Valência, começou por desenhar episódios de "O Santo". Publicou na revistas inglesas "Kreepy" e "Eerie" histórias de terror, como The Mummy Walks
Outras séries de Brocal: "Katan", "Ogan" (de que em Portugal foram publicados alguns episódios nas revistas "Falcão" e "Tigre"), "Kronan", "Arcane", "Taar" (publicado entre nós pela Meribérica e na revista "Flecha 2000"). 
Brocal: um dos Mestres da BD a preto e branco
Prancha de "The Mummy Walks" (in "Eerie" #78)


FABIO CIVITELLI (1955)
Italiano, nascido em Arezzo, estreou-se com "Lady Dust". Desenhou, também, por breve período, personagens Marvel como Homem-Aranha e Quarteto Fantástico.
Actualmente pertence aos quadros da Sergio Bonelli Editore, onde desenha histórias de Tex, o mais antigo cow-boy europeu ainda publicado. 
Civitelli detém uma curiosidade no seu curriculum; foi convidado especial em cinco Salões-BD portugueses: Moura, Amadora, Beja, Viseu e Porto.
Civitelli é reconhecido como um dos melhores desenhadores de Tex

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

domingo, 5 de outubro de 2014

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (7) - O INFANTE D. HENRIQUE

O Infante D. Henrique visto por Carlos Alberto Santos
(capa do n.º 4 da Colecção Mini Histórias da Nossa História)
O genial poeta Luiz Vaz de Camões, no Canto IV - Estância 50 de "Os Lusíadas", designou seis dos dez filhos de D. João I, como a "Ínclita Geração". 
Na verdade, o ex-Mestre de Aviz, foi pai de dois filhos bastardos (Afonso,que foi o primeiro Duque de Bragança, e Beatriz) e do casamento com D.Filipa de Lencastre, de oito. Destes, os dois primeiros (Branca e Afonso) morreram crianças. Seguiu-se, pois, a bem notável Ínclita Geração: Duarte, Pedro, Henrique, Isabel, João e Fernando.
Vamos pois agora, à personalidade e ao gesto histórico do Infante D. Henrique, cognominado de "Henrique, o Navegador" (embora quase nada tenha navegado), que tinha como divisa Talant de Bien Faire (Vontade de Bem Fazer), que é também a divisa da nossa Escola Naval, que tem como patrono, precisamente, o Infante D. Henrique.
D. Henrique nasceu no Porto a 4 de Março de 1394 e faleceu em Sagres a 13 de Novembro de 1460. Em 1414, convenceu o pai a conquistar Ceuta, na costa norte marroquina. Na esquadra portuguesa de 200 naus, iam, para além de D. João I e de seus filhos Duarte, Pedro e Henrique, também D. Nuno Álvares Pereira (disposto ainda a combater se fosse preciso...). Ceuta foi tomada a 21 de Agosto de 1415. No final da vitória, D. João I armou cavaleiros esses seus três filhos e, em simultâneo, D. Henrique recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e Duque de Viseu.
Foi este o ponto de partida para o glorioso e invejável gesto de Portugal ante o mundo inteiro: a epopeia imensa e heróica das Descobertas, com tudo o que de maravilhoso (e também algumas más consequências) tal valoroso empreendimento vinculou Portugal ao mundo... e para sempre.
D. Henrique, algumas vezes em Lisboa, alguns tempos em Tomar, mas quase sempre na zona Lagos-Sagres, deu todas as suas bem determinadas energias para a fabulosa "expansão". Rodeou-se de notáveis sábios (mesmo estrangeiros) e de corajosos e atrevidos navegantes. A 25 de Maio de 1420, é nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo (que mais não era que a continuação portuguesa da ilustre Ordem dos Templários... mas isto, é outra História). Este cargo e estes recursos foram decisivos para a sua brilhante aposta ante o que o destino programava para Portugal, embora a tão falada "Escola de Sagres" talvez, na realidade, nunca tenha existido... É nestas espantosas aventuras marítimas que se "inventa" uma preciosa e revolucionária nau, a "caravela".
Em 1437, os portugueses tentam conquistar Tânger. Mas tal falhou e, em terras marroquinas, ficou prisioneiro D. Fernando, o irmão mais novo de D. Henrique. Só seria liberto se Portugal devolvesse Ceuta a Marrocos... D.Henrique, amargurado, recusa. Consta que o próprio D. Fernando (dito, o "Infante Santo") o incentivou a tal recusa...
Quando D. Henrique faleceu, Portugal já povoava os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde, que foram achados desabitados, e havíamos chegado até à costa da actual República da Serra Leoa.
É estranho que até hoje, não se tenha feito um único filme sobre o Infante D. Henrique!!!... Porém, pela Banda Desenhada (e Artes afins ou coladas, como a Pintura), tal está bem registado:

JOSÉ RUY - de 1960, tem uma auto-edição de dezasseis pranchas, "Infante Don Henrique", reeditada em "O Templário" (de 6 de Abril a 13 de Julho de 1979)...

Capa e duas pranchas de "Infante Don Henrique", por José Ruy (edição de autor, 1960)

...e, no álbum "A Casa e o Infante", foca o nascimento desta importante figura da nossa História.
Capa e prancha de "A Casa e o Infante", de José Ruy, (Edições Asa, 1986)

BAPTISTA MENDES - relata D. Henrique, em quatro pranchas sob o título "O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", publicado  no "Cavaleiro Andante"...
"O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", por Baptista Mendes
(in "Cavaleiro Andante" #430)

...nos anos 80, a figura do Infante D. Henrique foi incluída (como não poderia deixar de ser) numa compilação de histórias sobre os descobrimentos portugueses na colecção "Antologia da BD Portuguesa" (Edições Futura)...
Reedição de "O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", por Baptista Mendes,
no n.º 4 da colecção "Antologia da BD Portuguesa" (Editorial Futura, 1983) 

...e por fim publica, com texto de MARGARIDA BRANDÃO, o álbum "Infante D. Henrique", inserido na colecção Navegadores Portugueses das Edições Asa.
Capa e prancha de "O Infante D. Henrique",
por Margarida Brandão e Baptista Mendes (Edições Asa, 1989)

FRED  FUNCKEN - o casal belga Liliane e Fred Funcken criou, em quatro pranchas, "Henrique, o Navegador", narrativa publicada em português  no "Mundo de Aventuras" n.º 504.
"Henrique, o Navegador", por Liliane e Fred Funcken
(in Mundo de Aventuras #504)

RAMÓN  LLAMPAYAS - nascido em Espanha, cedo emigrou para o Brasil, sendo mesmo considerado como um desenhista brasileiro (talvez por hipotética naturalização). Tem um álbum, neste país, editado em 1960 pela EBAL, sob o título "Dom Henrique, o Navegador - História de um Príncipe de Portugal".
Duas pranchas de "Dom Henrique, o Navegador - História de um Príncipe de Portugal",
por Ramón Llampayas (edição EBAL, 1960)

PEDRO CASTRO - retrata a figura do Infante D. Henrique em dois números da colecção de fascículos "Herói"...
"A Ínclita Geração", por Pedro Castro (in Colecção "Herói", #5)
"D. Henrique", por Pedro Castro (in Colecção "Herói", #6)

FERNANDO BENTO - não nos consta nenhuma BD usando D. Henrique por este nosso admirável artista. Mas, em compensação, registamos uma sua pintura-ilustração que figura em "A Minha Primeira História de Portugal" (Ed. Verbo), sob texto de ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA.
"A Minha Primeira História de Portugal", por A. M. Couto Viana e Fernando Bento
(Edições Verbo, 1984)

CARLOS ALBERTO SANTOS - quase sempre assinando sem o apelido, publicou em cinco pranchas no V volume (n.º 1 ao 5) da "Colecção Audácia", a breve BD "O Infante Santo", onde D. Henrique figura na primeira prancha. 
Prancha de "O Infante Santo" (in Colecção "Audácia")

Claro que o "Navegador" existe também na preciosa colecção/caderneta de cromos "História de Portugal".
Contra-capa e página da caderneta de cromos "História de Portugal",
com ilustrações de Carlos Alberto

Mas, é na sua espectacular Pintura (onde chegou a assinar como M. Gustavo), que se realçam vários quadros a óleo versando o Infante D. Henrique...

...e, também, no n.º 4 da Colecção "Mini Histórias da Nossa História", com texto de MÁRIO COSTA.

Páginas do n.º 4 da colecção "Mini Histórias da Nossa História",
por Carlos Alberto e Mário Costa (Edições Fada do Lar, Ld.ª, 1976)


JOSÉ GARCÊS - abordou D. Henrique por três vezes.
Com texto de HELENA SABÓIA realizou "O Príncipe e o Mar" (prancha única no n.º 18 de "Camarada", 2.ª série, em 1959)...
"O Príncipe e o Mar", de Helena Sabóia (texto) e José Garcês (desenho),
in "Camarada" #18 (2.ª série), 1959

..."Dom Henrique, o Navegador" (em 18 pranchas, no "Camarada", em 1960, com argumento de ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA)...

"Dom Henrique, o Navegador", por A. M. Couto Viana e José Garcês (in Camarada, 1960)

...e no tomo "A Grande Aventura" (o segundo dos quatro de "A História de Portugal em BD") com argumento de A. DO CARMO REIS.
Pranchas de "A Grande Aventura", 2.º tomo da História de Portugal em Banda Desenhada,
por A. do Carmo Reis e José Garcês (Edições Asa)

ARTUR CORREIA - no seu delicioso traço humorístico, coloca D. Henrique em "A História Alegre de Portugal", com argumento de MANUEL PINHEIRO CHAGAS...

Capa e pranchas de "História Alegre de Portugal", com texto de Manuel Pinheiro Chagas
e desenhos de Artur Correia (Bertrand Editora)

...e em "Os Descobrimentos a Passo de Cágado", com texto de ANTÓNIO GOMES DE ALMEIDA. 

Capa e pranchas de "Os Descobrimentos a Passo de Cágado",
por António Gomes de Almeida e Artur Correia (Bertrand Editora)

EUGÉNIO SILVA E PEDRO CARVALHO - na obra "Lições de História Pátria", dedicam ao "Navegador" dois capítulos: "D. Filipa de Lencastre"...

...e "Infante D. Henrique".
Páginas do Livro de História da 4.ª Classe (Porto Editora, 1972)

SERGIO TOPPI - o genial artista italiano, no seu traço peculiar desenhou "Algarve 1460", em quinze pranchas, publicadas no n.º 8 da revista "Selecções BD".
Pranchas de "Algarve 1460", por Sergio Toppi
(revista "Selecções BD", #8)

JOSÉ PIRES - inclui o Infante D. Henrique no álbum publicado em 1998, "As Portas do Mito - Gil Eanes e o Bojador", edição patrocinada pelo Ministério da Cultura.
Pranchas de "As Portas do Mito - Gil Eanes e o Bojador",
por José Pires (edição Ministério da Cultura, 1998)

FERRAND - um jovem autor que trabalhou, também, esta temática tendo publicado o "Infante Don Henrique"
"Infante Don Henrique", por Ferrand (Ed. JRS - Publicidade)

E por fim, VÍTOR PÉON, em "Gesta Heróica", não esqueceu, obviamente, este ínclito príncipe de Portugal...
Pranchas de "Gesta Heróica - Factos e Aventuras da História de Portugal",
com desenhos de Vítor Péon (Editorial O Livro, meados dos anos 80)

... bem como numa versão, em duas pranchas, publicada na revista "Tintin" portuguesa.
Capa da revista "Tintim", ano 1, #19, de 5.10.1968...
...e a prancha dupla, com a História do Infante.

Vítor Péon desenhou, também, uma caderneta de cromos sob o tema dos Descobrimentos Portugueses, onde a figura do Infante teve natural destaque.
Capa e contra-capa da colecção de cromos "História das Descobertas", Bertrand (irmãos), Ld.ª (1968) 
Duas páginas da colecção "História das Descobertas", com ilustrações de Vítor Péon

Uma nota final para JOSÉ MANUEL SOARES, banda desenhista de renome, que ilustrou, também, uma pequena publicação sobre a "Ínclita Geração"...

"Os Quatro Cavaleiros Invenciveis", por José Manuel Soares
(Colecçõa "Manecas", edição Romano Torres)

...e para ZÉ MANEL, artista de traço refinado que desenhou este cartune.
Cartune de Zé Manel, parodiando a Gioconda

Se mais dados e "achegas" nos chegarem, eles aqui serão postados (como é bem de nosso gesto). Para já, em relação a este post, agradecemos com pleno reconhecimento, os apoios que nos foram prestados por José Garcês, José Ruy, José Pires, Artur Correia, Jorge Machado Dias, Eugénio Silva, Carlos Gonçalves, João Manuel Mimoso, Paulo Viegas e Rui Bana e Costa.
LB