terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (65)

O  ESTRANGEIRO - Edição Arcádia. Segundo a exemplar obra literária de Albert Camus, este belíssimo álbum-BD tem a arte total de Jacques Ferrandez.
Antes de mais: tudo tem o perfume, amargo ou não, da Argélia, quando ainda território francês - a narrativa está aí integralmente localizada, e Albert Camus e Jacques Ferrandez, considerados cidadãos franceses, nasceram ambos nesse território no norte de África.
Lembrarmos aqui o extraordinário e controverso Albert Camus (1913-1960), Prémio Nobel da Literatura de 1957, não terá agora cabimento devido. Há porém  que conhecê-lo e o saber interpretar sem juízos errados, pelos seus livros (romances, teatro, ensaios) com que nos brindou, como “O Estrangeiro”, “O Mito de Sísifo”, “Calígula”, “O Equívoco”, “A Peste”, “Os Justos”, “O Estado de Sítio”, “O Avesso e o Direito”, etc. A sua “incómoda” e atenta filosofia perturba tanta gente frouxa que deambula por este real e perdido mundo...
Por sua vez, Jacques Ferrandez, é um artista soberbo e encantador, notável não só pela sua 9.ª Arte como pelas suas belas aguarelas. Agarrou muito bem este texto de Camus.
Parabéns às edições Arcádia/Babel por esta publicação.
Curiosidade: pelo Cinema, “O Estrangeiro” foi adaptado em 1967 por Luchino Visconti, com Marcello Mastroiani no principal papel, mas teve também conotações, ambas em 2001, com o filme turco “Yazgi”  de Zeki Demirkubuz e com “O Barbeiro”(The Man Who Wasn’t There), realizado por Joel Coen.

A VIAGEM DO ELEFANTE - Edição Porto Editora. Autor: João Amaral, segundo José Saramago. Prefácio de Pilar del Rio.
Não vamos falar mais uma vez do nosso Prémio Nobel da Literatura, pois muito se tem dito e escrito (e vai continuar...) sobre este romancista. O que aqui importa agora, é registar a arte gráfica de João Amaral que se atreveu a adaptar “A Viagem do Elefante” de José Saramago à Banda Desenhada.
O álbum que deu um trabalho exaustivo ao desenhista está muito bem concebido e marca um belo salto em frente na carreira de João Amaral. Felicitamo-lo por esta corajosa e conseguida obra. E felicitamos também a Porto Editora pela sua publicação

CHAPUNGO - Edição Mosquito. Autor: Sergio Toppi.
Num deslumbrante preto-e-branco, pela primeira vez reunidas em álbum, as narrativas “Tzoacotlan 1521”, “San Isidro Maxtlacigo 1850” e, a que dá o título álbum, “Chipungo”.
Sergio Toppi (1932-2012), é um dos mais notáveis valores da BD italiana, embora (tristemente) pouco publicado em Portugal: duas narrativas no “Jacto”, uma no “Jornal do Cuto” e outra nas “Selecções BD”, esta localizada em Portugal e com o título “Algarve 1460”.
Com este álbum, “Chapungo” (em francês), vamos tombar no tremendo e magnifico traço de Toppi. Aqui, o autor transporta-nos com arte e sem piedade, ao mundo histórico-lendário dos Aztecas, cujos deuses, mesmo mortos, estão sempre presentes...
Uma obra belíssima que urge ter edição em português!

LES TAXIS ROUGES - Edição Lombard. Autor: Peyo (grafismo e enredo), com o apoio de Will para os cenários de fundo.
Trata-se de uma reedição muito especial. Muito terna e divertida. O herói, o petiz Benoît Brisefer (já por aqui o referenciámos há pouco tempo) pelo talento criativo de Peyo (aliás, Pierre Culliford, 1928-992), é um super-herói anti super-herói!... Ah, pois é!
Agora adaptado ao Cinema, “Les Taxis Rouges” (Os Táxis Vermelhos) e enquanto não virmos o filme , com vários actores portugueses e rodado em grande percentagem no nosso País, o álbum não perde o seu original encanto e, mais, tem momentos que se situam no Minho e na cidade do Porto. Uma delícia!
LB

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