quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

LITERATURA E BD (6) - ALEXANDRE HERCULANO

Alexandre Herculano (1810-1877)
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, nascido em Lisboa a 28 de Março de 1810 e falecido na sua Quinta de Vale de Lobos (Santarém) a 18 de Setembro de 1877, foi (e é) um dos maiores vultos da cultura de Portugal. A 6 de Novembro de 1888, os seus restos mortais foram transladados para a Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.
Escritor, poeta, político, historiador, jornalista, dramaturgo e ensaísta, notoriamente anti-clerical, combateu (tal como Almeida Garrett) sob o comando de D.Pedro IV, pela libertação nacional do absolutismo de D. Miguel I.
Chegou a ser deputado e foi preceptor do futuro D.Pedro V. Tal como Garrett, é um dos escritores que introduz o Romantismo na literatura portuguesa. Por sua vez, também introduziu a historiografia científica em Portugal, donde as suas magníficas e volumosas obras “História de Portugal”, “História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal” e a compilação de “Portugalie Monumenta Historica”.
A 1 de Maio de 1867, casou com Mariana Hermínia de Meira, donde não houve descendência. É neste ano que, farto da podridão política e do ambiente da sociedade lisboeta, se retira para a sua quinta em Vale de Lobos (Azóia de Baixo, Santarém) onde, embora continuando a escrever, se dedica essencialmente à agricultura e à produção do famoso “Azeite Herculano”.
Escreveu Poesia (“A Harpa do Crente” e “Poesias”), Teatro (“O Fronteiro de África” e “Os Infantes de Ceuta”), Romance (“O Pároco da Aldeia” e “O Galego”) e notáveis romances históricos (“O Bobo”, “Eurico, o Presbítero”, “O Monge de Cister” e “Lendas e Narrativas”).
“O Bobo” foi, até agora, o único texto seu adaptado (mediocremente) ao Cinema, em 1987, por José Álvaro Morais.
Em 2011, em data  colada (2010) ao segundo centenário do seu nascimento, Moura e Viseu organizaram em conjunto, uma exposição evocativa versando as adaptações dos seus textos à 9.ª Arte.
É precisamente a Banda Desenhada que bem o tem honrado, a saber:

“O BOBO”, uma adaptação de José Ruy, numa primeira versão publicada no "Cavaleiro Andante", com legendas didascálicas...
"O Bobo", por José Ruy ("Cavaleiro Andante", 1956)

...e numa segunda versão publicada em álbum, três décadas depois, completamente redesenhada e já com a inclusão do balão.
"O Bobo", por José Ruy ("Editorial Notícias", 1986)

“A ABÓBADA” foi adaptada por Fernando Bento para o "Cavaleiro Andante" nos anos 50. A revista "Anim'arte", com o patrocínio do Gicav (Viseu), republicou recentemente esta obra, sob a forma de separata.
"A Abóbada", por Fernando Bento ("Cavaleiro Andante", 1955)

José Batista(Jobat) adaptou também "A Abóbada", mas sob o título "O Voto de Afonso Domingues".
"O Voto de Afonso Domingues", por José Baptista ("Mundo de Aventuras", 1958)

No início dos anos 80, Eduardo Homem e Victor Mesquita criaram uma terceira versão, publicada a duas cores no extinto jornal "Kalkitos".
"A Abóbada", por Eduardo Homem (texto) e Victor Mesquita (desenho), (jornal "Kalkitos", 1980)

“A MORTE DO LIDADOR” é das obras de Herculano que mais vezes foi adaptada à banda desenhada. O primeiro autor a fazê-lo foi Eduardo Teixeira Coelho...
"A Morte do Lidador", por Eduardo Teixeira Coelho ("O Mosquito", 1950)

Seguiu-se a versão de José Garcês.
"A Morte do Lidador", por José Garcês ("O Falcão", 1.ª série, 1960)

Baptista Mendes, também adaptou esta narrativa (embora com o título “O Último Combate”)...
"O Último Combate", por Baptista Mendes ("Camarada", 1965)

...assim como José Pires, que publicou, em 1987, no Tintin belga, uma versão a preto e branco. Anos mais tarde, coloriu e retocou as pranchas para serem publicadas no semanário "Alentejo Popular", de Beja.
"A Morte do Lidador", com texto e desenho de José Pires
(versão publicada a cores no "Alentejo Popular", 2011)

De “EURICO, O PRESBÍTERO” temos uma adaptação de José Garcês, publicada na revista "Modas e Bordados", nos anos de 1955-56. Foi mais tarde reeditada em álbum, pelas Edições Futura.

"Eurico, o Presbítero", por José Garcês (#3 da colecção "Antologia da BD Portuguesa" - "Editorial Futura", 1983)

“A DAMA PÉ-DE-CABRA” é outra obra de Herculano que tem despertado o interesse dos autores portugueses. Tal é o caso de José Garcês... 
"A Dama Pé-de-Cabra", por José Garcês ("Tintin", 1980)

...de Jorge Magalhães e Augusto Trigo (que incluíram esta versão numa excelente colecção de álbuns editados pela Asa - "Lendas de Portugal em Banda Desenhada" - que, lamentavelmente, não passou do terceiro tomo)...
"A Dama Pé-de-Cabra", por Jorge Magalhães (texto) e Augusto Trigo (desenho)
"Lendas de Portugal", 1.º volume (Edições Asa, 1989)

...e de José Pires que chegou a apresentar um projecto às Edições Lombard para publicar esta narrativa, infelizmente recusado pela editora belga. O texto ficaria a cargo do argumentista Benoit Despas.
"A Dama Pé-de-Cabra", por José Pires (inédito)

“O MONGE DE CISTER”, pelo brasileiro Eduardo Barbosa, é a única adaptação a BD - que saibamos - de uma obra de Herculano realizada por um autor estrangeiro.
"O Monge de Cister", por Eduardo Barbosa, com capa de Antônio Euzébio
("Edição Maravilhosa", n.º 80/extra, EBAL 1954)

José Antunes adaptou para o "Camarada", “O CASTELO DE FARIA”, embora com o título “Nuno Gonçalves”, ´sendo mais tarde reeditado no n.º 5 dos "Cadernos Moura BD" que lhe foi dedicado, em 2004.
"Nuno Gonçalves", por José Antunes ("Camarada", 2.ª série, 1961)

Por sua vez, Carlos Baptista Mendes, publicou no "Jornal do Exército" uma biografia de Alexandre Herculano em duas pranchas...
"Alexandre Herculano", com texto e desenho de Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1976)

Por fim, deixamos aqui referência a uma pequena biografia de Alexandre Herculano, com texto e desenho de José Ruy, cujo propósito seria o de ser incluída numa reedição do álbum "O Bobo". O projecto, contudo, não passou da fase de esboço. 
Biografia de Alexandre Herculano em quatro pranchas (de um total de seis) esboçadas por José Ruy (inédito)

Não faltam pois belas seduções, ao menos pela facilidade ilustrativa da Banda Desenhada, para que se conheça, sobretudo da parte das novas gerações, a beleza e o vigor da obra de Alexandre Herculano.
LB

PS: Agradecemos a Baptista Mendes, José Ruy, José Pires, Carlos Gonçalves e Jorge Magalhães por nos terem facultado algumas das imagens que ilustram este post.

2 comentários:

  1. Caro amigo
    Muito obrigado pelo seu comentário, tão gratificante como estimulante.
    Um abraço
    Luiz Beira

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