quinta-feira, 30 de abril de 2015

A BD A PRETO E BRANCO (23) - As escolhas de Luiz Beira (13)

FRANÇOIS CRAENHALS (1926-2004).
Cidadão belga, faleceu devido a uma operação ao coração que não teve um final feliz... Amante de Portugal, por cá esteve quatro vezes: três em edições dos Salões da Sobreda e mais uma para um salão-BD de Viseu. Tem obra imensa, donde até se contam séries que "teve de desenhar", não sendo porém, do seu agrado. Mas há duas grandes séries que são pontos de honra na sua bibliografia: "Pom et Teddy", localizada no mundo circense, e "Chevalier Ardent", localizada na Idade Média. Admirável!
Série "Pom et Teddy", in "Cavaleiro Andante" #384
A mais famosa série de Craenhals: "Chevalier Ardent"


GUIDO BUZZELLI (1927-1992).
Notável desenhista italiano, com um estilo pessoal mais duro
e "feroz" do que elegante e fácil, tem obra reconhecidíssima e editada em diversos países, incluindo Portugal. Portentoso, ficou na História da BD, dado ao seu arrojado valor. Algumas
criações suas: "La Rivolta dei Racchi", "Zasafir", "Angelique", "Nevada Hill", "Ressureição", etc, para além de ter também desenhado episódios de "Tex Willer".


Prancha de "Ressureição", in "O Mosquito" #7 (V série)
Prancha de "Mario"




JOSÉ GARCÊS (1928).
Nasceu em Lisboa e reside na zona da Amadora. Estudou na Escola António Arroio. Foi homenageado em diversos salões-BD e tem o seu nome na toponímia e numa escola na região onde reside. Colaborou para inúmeros periódicos. Da sua vasta obra, salientam-se os títulos: "Eurico, o Presbítero", "Viriato", "A História de Portugal em Banda Desenhada", "Através do Deserto", "A História de Olhão", "O Sargento-Mor de Vilar", "Picaroto, o Baleeiro", "Palo Quiri", "O Falcão", "História do Jardim Zoológico de Lisboa", etc, etc.
LB
Prancha de "Picaroto, o Baleeiro"
Prancha de "Eurico, o Presbítero", onde Garcês aplicou o preto e branco de forma soberba.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

NOVIDADES EDITORIAIS (71)

VALHARDI, L’INTÉGRALE 1 - As Éditions Dupuis, depois da magnifica série em 18 tomos “Tout Jijé”, publicaram, em 5 tomos mais magníficos ainda, a série integral “Jerry Spring”, num belíssimo a preto-e-branco onde o traço de Jijé é
terrivelmente admirável.
Agora, a Dupuis iniciou a versão integral de outro herói por excelência, também graficamente criado por Jijé: Jean Valhardi, ou simplesmente Valhardi. O primeiro tomo, com mais de duzentas páginas, engloba as quatro primeiras histórias criadas de 1941 a 1946 com argumentos de Jean Doisy: “Jean Valhardi Detéctive”, “Meurtre ao Bord du Lac”, “Le Camp Scout” e “Les Cargos Disparus”.
Uma maravilha encontrar aqui o traço inicial de Jijé em relação a este herói!
Um belo dossiê por Christelle e Bertrand Pissavy-Yvernault precede as histórias citadas.
Esta série integral de Valhardi deve comportar sete álbuns, onde se incluirão as histórias desenhadas por outros artistas, donde por exemplo, Eddy Paape.
A não perder!...

LE DIVIN - Edição Dargaud. Os autores são todos israelitas: o argumentista Boaz Lavie e, na arte gráfica, os irmãos gémeos Asaf e Tomer Hanuka.
Cita-se na contracapa: “Pior que a guerra, há a guerra feita por crianças”. E não é gratuita esta afirmação, pois não há muito tempo, existiu uma cruel guerrilha feita por adolescentes na selva do sudeste asiático, que decorreu na quase impenetrável floresta da Birmânia/Tailândia...
É pois por estas zonas tão exóticas como violentas, que se desenrola esta soberba aventura.

A MORTE PERSEGUE-ME - Edição G. Floy Studio. Argumento de Ed Brubaker, traço de Sean Phillips e cores de Dave Stewart. “A Morte Persegue-me” é o primeiro tomo da série “Fatale”, que já ganhou vários prémios “Eisner”.
Uma narrativa feroz onde se mistura o terror e o policial bem negro.
Que mistério envolve uma bela e sensual mulher que seduz e depois domina os homens que com ela se relacionam? Não só ficam doentiamente dominados como ficam com as vidas destruídas.
Uma BD desafiante e sem contemplações.


LE RIRE DE TINTIN - Com formato álbum, é uma edição “L’Express”/“Beaux Arts Magazine”, com editorial de Christophe Barbier.
“Le Rire de Tintin” ou “Les Secrets du Génie Comique d’Hergé” é uma belíssima obra, bem elucidativa para os bedéfilos, mormente para os tintinófilos.
Sem dúvida alguma, um álbum com muito interesse.


LES FANTÔMES DU MONT-BLEU - Edição Soleil. Argumento de Jan-François Lécureux, traço de André Chéret e cores de Chantal Chéret.
“Les Fantômes du Mont-Bleu” é mais um tomo da série “Rahan”, criada em 1969 sob o traço de André Cheret, onde todo o ambiente se situa na Pré-História.
Curiosamente, já em 1962 Edouard Aidans havia criado “Tounga” e em 1976 surge “Taar” por Jaime Brocal-Ramohi. Vendo bem, Tounga, Rahan Taar, heróis de séries paralelas, são heróis semelhantes. Não se discute a qualidade dos respectivos desenhistas, onde o exagero e a fantasia estão sempre presentes.
Neste recente tomo de Rahan, o que nos parece bem exagerado, é notarmos que o heróico troglodita, loiraças e muito bem barbeado, está sibilinamente numa de Leonardo da Vinci, tamanhas são as invenções e modernidades que, quase num repente, Rahan inventa sozinho para o progresso da Humanidade...
Enfim!...
LB

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (6)


6) NOVOS COLABORADORES

Descrevi no artigo anterior a minha chegada à redação de "O Papagaio" e as diferenças em relação à d’O Mosquito. As experiências foram diferentes, mas aproveitei-as para alicerçar os meus conhecimentos tanto na arte gráfica como na técnica de trabalhar as ilustrações para serem reproduzidas.
Depois de estar mais ambientado na redação d’O Papagaio levei comigo o meu colega da Escola António Arroio, o Vítor Silva, que sendo o mais novo era de todos nós o que melhor desenhava já. Ficou também colaborador, o que podemos chamar de residente.
O Carlos Cascais era uma pessoa simpática e conhecedora do assunto, e em vez de me dispensar das colaborações, até estar mais maduro como seria lógico, pelo contrário continuou a apoiar-me. Encetámos uma boa amizade e o ambiente na redação tornou-se até familiar.
Alguns estudos à pena que fiz do Carlos Cascais (em cima, à esquerda), destinados a ilustrar um conto,
e do seu filho (em cima à direita) que usei também como modelo para a história "Homens do Mar" (em baixo),
com argumento de outra colega da escola, Margarida Ângela, que também levei para a equipa de "O Papagaio".
A Margarida viria a ser também a autora do argumento da primeira história do Garcês
publicada n' O Mosquito e intitulada "O Inferno Verde"

Pois o Artur Correia, que aparecera pelo seu pé, era vizinho do Vítor Silva e do Garcês, e só muito mais tarde, por via deste último colega nos aproximámos. Desenhava um género cómico ou humorístico em que viria a afirmar-se.
Página de uma história com desenhos do Vítor Silva...
...e também desenhos do Artur Correia que enviara para a colaboração dos leitores, chegando depois a fazer algumas histórias ilustradas com argumento de um amigo seu que assinava "Carlos Seca" (?) 

Esses encontros na redação prolongavam-se a trocar impressões e conversas.
Por vezes aparecíamos à noite, depois do jantar, quando o nosso estudo e o trabalho o permitiam. No entanto nada comparável com a tertúlia da redação de "O Mosquito".
Confraternizávamos já com os operadores e locutores do Rádio Renascença, cujos estúdios ficavam ao lado da sala da redação, separados por um corredor. Pelas vigias circulares nas portas à prova de som, espreitávamos curiosos o aspeto do seu interior.  
A partir de uma certa hora da noite punham música gravada em bobinas de fita com longa duração, e os locutores mais livres nessa altura costumavam vir larachar connosco um bocado vendo os desenhos e contar histórias. Depois deixavam-nos ir ao interior dos estúdios enquanto transmitiam os pacotes de música cujos títulos iam anunciando de espaço a espaço.
Eu e o Vitor Silva pedíamos-lhes para colocarem no ar músicas do nosso agrado, como o «Bolero» de Ravel, «Scheherazade» e «O Voo do Moscardo» de Rimski Korsakov, «A Dança Ritual do Fogo» de Manuel de Falla e outras que escutávamos enlevados pelos altifalantes instalados nas outras salas. Era um fascínio; para nós essa componente sonora fazia parte integrante da redação.
Um dia o José Garcês pediu-me para o apresentar no jornal, o que achei dispensável, pois era lógico ele apresentar-se sozinho sem precisar de padrinho. Mas fez questão e lá o «levei pela mão». Chegou a fazer umas três aventuras.
"Tonito Cowboy", uma das três histórias que José Garcês publicou n' O Papagaio
O José Garcês atingira já nessa altura uma craveira cimeira, pois era também o mais velho do grupo. Começou a publicar os seus originais depois de nós, por conselho do Mestre João Rodrigues Alves que achava ser preferível ele esperar algum tempo mais até alcançar um nível mais maduro. E tinha razão, a idade influi muito no modo de observar as coisas. Aos dezoito anos temos uma melhor capacidade de visão e na maneira de conseguir resultados do que aos catorze. Estávamos todos a começar e "O Papagaio" proporcionou-nos essa experiência e a maturação indispensável através da prática e observação do resultado entre o que desenhávamos e a impressão no papel.
Toda a colaboração tinha de ser realizada também com um avanço em relação à data da publicação, sem ser necessário entregar a história completa. Também não nos marcavam limites no número de páginas nem impunham temas. Havia uma liberdade total.
(Continua)

No próximo artigo: ALTERAÇÕES NA REDAÇÃO 

sábado, 18 de abril de 2015

LITERATURA E BD (7) - CAMILO CASTELO BRANCO

Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825 e, vencido por doenças, sobretudo a cegueira, suicidou-se a 1 de Junho de 1890, em São Miguel de Seide (Vila Nova de Famalicão).
Recebeu o título de 1.º Visconde de Correia Botelho pelo rei D. Luís.
Pela sua vida rocambolesca por muitos amores, o caso mais sério (e devidamente correspondido) foi com a casada Ana Plácido, que lhe valeu ser encarcerado na Cadeia da Relação do Porto, onde conviveu com o famoso José do Telhado e onde recebeu a visita do jovem rei D. Pedro V, que muito o admirava.
Em 1869 recebeu do governo de Espanha a Comenda Carlos III.
Conviveu, nem sempre amigavelmente, com grandes vultos literários da sua época como Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, João de Deus, Almeida Garrett, António Feliciano de Castilho, etc.
Casou com Ana Plácido quando esta enviuvou de Manuel Pinheiro Alves.
Foi romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor.
Dos seus muitos romances, salientam-se os títulos “Anátema”, “Maria Moisés”, “Amor de Perdição”, “Memórias do Cárcere”, “A Queda de um Anjo”, “A Doida do Candal”, “O Retrato de Ricardina”, “A Viúva do Enforcado”, “A Brasileira de Prazins”, “Eusébio Macário”, “A Filha do Regicida”, “O Livro Negro do Padre Dinis”, “Novelas do Minho”, etc.
Pois à Banda Desenhada também a sua obra chegou, embora com pouquíssimos exemplos:

No Brasil, com arte de Gil Coimbra, foi adaptado o romance “Amor de Perdição”, que é o #62 Extra da colecção “Edição Maravilhosa” pela EBAL.
"Amor de Perdição", por Gil Coimbra, in "Edição Maravilhosa" #62 Extra, EBAL (1953)

Em Portugal, deparámos com dois excertos (“Uma Flauta na Noite” e “Camilo e o Barbeiro”) de “Memórias do Cárcere” que, pressupomos, são da autoria de Amadeu Escórcio...
"Uma flauta na noite" e "Camilo e o Barbeiro", por Amadeu Escórcio (1991)

Por sua vez, Fernando Santos Costa, para o jornal “O Crime”, elaborou uma prancha onde figuram Camilo Castelo Branco e José do Telhado.
Santos Costa (in jornal "O Crime")
E Santos Costa adaptou também “A Viúva do Enforcado” (Edições Época de Ouro”, de Carlos Costa) para um álbum produzido em 2003 pela Câmara Municipal do Fundão.
"A Viúva do Enforcado", por Santos Costa (Edições Época d'Ouro"/Câmara Municipal do Fundão, 2003)

A obra valorosa e imensa de Camilo Castelo Branco (tal como a de Eça de Queiroz) merece bem mais atrevimento da parte dos nossos desenhistas. Quem terá a ousadia e o talento para tal?

Rodapé: É difícil conformar-nos que a vida e exemplos da tão extensa obra de Camilo Castelo Branco tenham sido tão pouco aproveitados pelas artes cénicas (excepto os seus textos teatrais)!... Salientemos...
Em 1990, sob texto de Luiz Francisco Rebello, Herlander Peyroteo realizou para a RTP, o teledramático “Todo o Amor é Amor de Perdição” ou “O Processo de Camilo”.
Ainda para a TV, Victor Manuel realizou, em 1989, “Ricardina e Marta” (juntando as obras “O Retrato de Ricardina” e “A Brasileira de Prazins”).
Walter Avancini realizou em 1993, “A Viúva do Enforcado” e, em 2007, sob direcção de Aimar Labaki, foi realizada a telenovela luso-brasileira “Amores Proibidos”, que juntava as obras “Amor de Perdição”, “Os Mistérios de Lisboa” e “O Livro Negro do Padre Dinis”.
Houve ainda uma série brasileira, em 1965, versando “Amor de Perdição”, da qual desconhecemos o nome do realizador.
Para o Cinema, temos: em 1992, “O Dia do Desespero”, por Manoel de Oliveira, e, em 2010, “Mistérios de Lisboa”, por Raúl Ruiz.
É no entanto o romance “Amor de Perdição” que mais tem sido usado e abusado pela 7.ª Arte, já com sete adaptações, por Francisco Costa (1914), José Vianna (1918), George Pallu (1921), António Lopes Ribeiro (1943), Jaume Picas (1973, Espanha), Manoel de Oliveira (1979) e Mário Barroso (2008, numa adaptação livre e actualizada).

Nossos agradecimentos aos apoios prestados por Carlos Gonçalves, Américo Coelho, Fernando Santos Costa, Carlos Costa, Geraldes Lino e Câmara Municipal do Fundão.
LB

terça-feira, 14 de abril de 2015

JIJÉ EM LEIRIA


Nota prévia: Por lógicas razões, no texto-reportagem que se segue, são mencionados os nomes dos coordenadores do BDBD, Carlos Rico e Luiz Beira,
não por este blogue em si, mas por outras actividades que exercem (ou exerceram) ligadas à Banda Desenhada. Posto este esclarecimento, aí vai.

O passado ano de 2014 marcou o primeiro centenário do nascimento de um dos mais extraordinários mestres da banda desenhada Europeia: Joseph Gillain, ou seja, Jijé.
Auto-caricatura de Jijé
De um modo talvez pouco publicitado, a Casa da Cultura de Beja, sob coordenação de Paulo Monteiro, organizou uma exposição alusiva ao acontecimento de 1 a 27 de Maio.
Com um maior impacto, em conjunto, as cidades de Moura (24/Junho a 21/Julho) e de Viseu (4 a 31 de Outubro), expuseram um belo panorama da obra deste grande mestre da 9.ª Arte. Para estes dois eventos, houve a presença e uma colaboração discreta, porém emotiva, de Romain Gillain, neto de Jijé, que reside em Portugal e lecciona no Instituto Politécnico de Leiria.
Era mais do que lógico que Leiria também acolhesse esta homenagem-exposição.
Assim, de 6 a 24 de Abril do corrente ano, acontece a exposição, ainda mais completa com a “documentação” pessoal de Romain, exposta nas vitrinas.
“Jijé: O Centenário do Mestre da Banda Desenhada” está criteriosamente colocada no átrio da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais / Instituto Politécnico de Leiria, sempre com muito público. E neste período, um específico dia de honra, o 9 de Abril, com uma sessão em duas partes no anfiteatro do citado organismo, conduzida pelo neto do artista homenageado e evocado, que teve início pelas 14:30 horas.
Abriu oficialmente a sessão o Dr. Rui Matos (Director da ESECS), que deu bem a entender que é também um bedéfilo atento, passando depois a palavra a Romain Gillain, que conduziu as intervenções dos que estavam na mesa: Diane Detollenaere (a representar o Sr. Embaixador da Bélgica em Lisboa), Luiz Beira (apresentado como “especialista de Banda Desenhada”, mas que é apenas um bedéfilo absoluto e fundador e coordenador do ex-Grupo Bedéfilo Sobredense)Luís Filipe Mendes (um dos fundadores e membro da direcção do GICAV, Viseu)Maria José Pereira (actual directora editorial das Edições Babel), Pedro Silva (bedéfilo entusiasta e funcionário da Biblioteca da ESECS) e Bruno Prates (professor de Educação Visual do IP Leiria e também, cartunista e ilustrador).
E se, com tristeza, se lamentaram as ausências por justificadas razões pessoais, de Carlos Rico (coordenador dos salões e exposições de BD de Moura) e de Geraldes Lino (digno divulgador, editor e organizador de exposições BD), contou-se com as honrosas presenças de dois veteranos desenhistas da BD Portuguesa, Artur Correia e Carlos Baptista Mendes, que em diálogos finais deram também as suas respectivas comparticipações.
Todas as intervenções foram calorosamente aplaudidas.
Valeu a pena! Parabéns Romain Gillain!
Parabéns Leiria pelo gesto belo e cultural do ESECS / IP Leiria!
LB
Maria José Pereira e Romain Gillian , escutando a intervenção do professor e cartunista Bruno Prates
Intervenção de Maria José Pereira. Na mesa estão, também, Bruno Prates, Luiz Beira e Romain Gillian.
A Sr.ª Diane Detollenaere (de casaco branco), representando o Embaixador da Bélgica em Lisboa
Baptista Mendes e Artur Correia seguiram atentamente a sessão.
Final da sessão onde se podem ver, da esquerda para a direita, Luiz Beira, Baptista Mendes, Artur Correia,
Pedro Silva, Bruno Prates, Maria José Pereira (de costas) e Romain Gillian (tapado por esta)
Baptista Mendes, Romain Gillian (neto de Jijé) e Luís Filipe Mendes (do Gicav)

Fotos: Luiz Beira e página do facebook de Bruno Prates

terça-feira, 7 de abril de 2015

UMA OBRA... VÁRIOS ESTILOS (1) - UBIRAJARA

Há clássicos literários de alta honra que se fixam indelevelmente através dos tempos para a Humanidade. Por aqui, a Banda Desenhada tem feito sedutoras adaptações, o que não acontece (nem por sombras!) nas adaptações ao Cinema.
E assim surge hoje uma breve série de posts sobre este tema. A ideia é, com raro texto e mais ilustrações, comparar positivamente os estilos de cada desenhista (os que forem viáveis de exemplificar) por um certo e determinado clássico literário. Todavia, neste nosso tema, só figurarão obras onde também se inclua, pelo menos, um desenhista português, ficando de fora determinadas obras de Jules Verne, pois tal é demasiado extenso...
De qualquer modo, não se trata de indicar que este desenhista é melhor que aquele, mas apenas informar culturalmente, os estilos de cada artista ante o registo gráfico deste ou daquele notório texto. Valeu?
No final de cada post, teremos o parágrafo “Rodapé”, onde mencionaremos as adaptações respectivas ao Cinema e à Televisão, como simples achega de curiosidade. Começamos, pois, por um belo clássico brasileiro: UBIRAJARA.
José de Alencar (1829-1877)
Cativante romance localizado na Amazónia antes da chegada dos portugueses a tais regiões, relata empolgantemente os hábitos e costumes de vários povos ameríndios dessas geografias exóticas, onde não falta o enredo de amores e de bravuras guerreiras.
O autor, José de Alencar (1829-1877) teve uma vida agitada e polémica. Mas tem romances famosos. Para além de “Ubirajara” (1874), salientamos “O Guarani” (talvez  o mais célebre e mais belo, adaptado várias vezes à BD, ao Cinema, à Televisão e à Ópera), ”Iracema”, “As Asas de um Anjo” (teatro), “O Tronco do Ipê”, “Til”, etc, etc. Em devido e breve tempo, tornaremos aqui a José de Alencar.

Em 1952, a extinta editora brasileira EBAL, na colecção “Edição Maravilhosa” #57, publicou “Ubirajara” via 9.ª Arte, pelo encantador e cuidado talento do haitiano André Le Blanc, que viveu vários anos no Brasil.

"Ubirajara" por André Le Blanc, in "Edição Maravilhosa" #57 (Ed. EBAL, 1952)

Em 1956, o português José Ruy (com guião de Maria Fernanda Pinto), ousou (e muito bem!) a sua versão BD para o “Cavaleiro Andante” dos n.ºs 210 ao 229.
Mostrar homens e mulheres quase nus terá sido nessa época em Portugal, um atrevimento... Mas a imbecil Censura deixou “escapar”, talvez porque os personagens eram... “selvagens”.
"Ubirajara", por Maria Fernanda Pinto (argumento) e José Ruy (desenhos),
in "Cavaleiro Andante" #210 a #229 (1956)

Entretanto, a extinta editora Futura, publicou em 1982, esta versão de “Ubirajara”, via álbum...que se encontra esgotado.
"Ubirajara", por José Ruy, in "Antologia da BD Portuguesa" #1 (1982)

Rodapé: no Brasil, em 1919, Luiz de Barros, realizou o filme com este homónimo título. Em 1975, também no Brasil, André Luiz Oliveira, realizou “A Lenda de Ubirajara”.

Agradecemos a colaboração e o apoio dados para este post, por Carlos Gonçalves e José Ruy.
LB