terça-feira, 29 de março de 2016

EVOCANDO (19)... JOBAT

José Baptista (Jobat) (1935-2013)
José Baptista (ou Jobat, como também chegou a assinar os seus trabalhos) faleceu faz precisamente hoje três anos.
Algarvio, nascido em Loulé, a 18 de Dezembro de 1935, José Baptista trabalhou durante muitos anos na Agência Portuguesa de Revistas (APR), como paginador e retocador de revistas. Nestas funções, tratava de adaptar os espaços que as séries americanas - publicadas num formato diferente do adoptado pelas revistas da APR - ocupavam, tendo que, para isso, cortar ou "acrescentar" desenho a algumas vinhetas, uma prática comum naquela época, nas revistas portuguesas.
Fez a sua estreia como banda desenhista em 1956, ao adaptar "Ulisses" (Colecção Condor, 6.º volume, fascículo 57), mais tarde restaurado e reeditado no jornal "O Louletano" (2004) e nos "Cadernos Moura BD" #5 (2005).
Prancha 4 de "Ulisses", conforme foi publicada na Colecção Condor (à esquerda)
e nos "Cadernos Moura BD" (à direita)

Continuou, depois, com "A Conquista de Santarém" (para a Colecção Audácia) e com "O Voto de Afonso Domingues" e "Luís Vilar" (ambos em 1958, para o Mundo de Aventuras). Deste personagem, publicou, no mesmo ano, outra aventura no Condor Popular.
Prancha de "Luís Vilar", in "Mundo de Aventuras" #454

Ainda para a APR, ilustrou na Colecção Miniatura alguns clássicos da literatura como Os Fidalgos da Casa MouriscaOliver Twist (reeditados, anos depois, já a cores, sob a forma de cadernetas de cromos), Uma Família Inglesa ou A Morgadinha dos Canaviais.
No anos 70, fez parte da equipa do Jornal do Cuto, tendo criado algumas capas e diversas ilustrações para textos de Raul Correia e Rousado Pinto (Edgar Caygill).
Capas para o "Jornal do Cuto" #8 e #28
Ilustrações para a série "Cantinho de Um Velho", com textos de Raul Correia
(in, "Jornal do Cuto")
Ilustrações para um conto de Roussado Pinto (Edgar Caygill), in "Jornal do Cuto" #46

Aí assinaria, pela primeira vez, como Jobat, quando publicou "Trinca-Fortes" (uma breve história sobre a vida de Camões).
Pouco depois, desenharia uma versão mais alargada ("A Vida Apaixonada e Apaixonante de Camões"), com texto de Michel Gérac, publicada inicialmente no Diário Popular e, mais tarde, em álbum, numa edição francófona, e n' O Louletano (2003).
Prancha de "A Vida Apaixonada e Apaixonante de Camões"

Em Inglaterra publicou algumas bandas desenhadas sob temática da Segunda Guerra Mundial.
Um ano depois da Revolução dos Cravos, publicou no jornal Diário Popular uma BD em continuação, em formato de tiras, intitulada "25 de Abril: Réquiem por uma Ditadura", que deixaria incompleta.
Tira de "Réquiem por uma Ditadura"
Salazar e Carmona, numa vinheta de "Réquiem por uma Ditadura"

Durante anos, fez centenas de ilustrações (magníficas) a preto e branco, em revistas de temática western (como "6 Balas" ou "Cowboy"), uma faceta pouco conhecida e ainda menos divulgada na carreira de José Baptista e da qual, em breve, voltaremos a falar, com mais pormenor, aqui no BDBD. 
Trabalhou, também, como decorador em desfiles no famoso Carnaval de Loulé (onde, este ano, foi postumamente homenageado), dedicou-se ao Ensino (Educação Visual) e dirigiu, durante alguns anos, para O Louletano, a rubrica "9.ª Arte - Memórias da Banda Desenhada", onde publicou artigos e bandas desenhadas de alguns dos autores portugueses de maior curriculum (José Antunes, Augusto Trigo, Eduardo Teixeira Coelho, etc).
Em 2005, foi homenageado na décima quinta edição do salão Moura BD, tendo recebido o Troféu Balanito de Honra, pelo conjunto da sua obra. 
Faleceu a 29 de Março de 2013, deixando a banda desenhada portuguesa muito mais pobre.
CR
José Baptista, recebendo o Troféu Balanito de Honradurante o salão Moura BD 2005
Ilustrações para um conto de Raúl Correia, in "Jornal do Cuto" #43

Outras três ilustrações para a rubrica "Cantinho de um Velho", com textos de Raul Correia,
(in "Jornal do Cuto")

sábado, 26 de março de 2016

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (4) - ANDREI ARINOUCHKINE (Bielorrússia)

Andrei Arinouchkine (1964)
Andrei Arinouchkine nasceu na Bielorrússia a 1 de Agosto de 1964, na cidade de Baranovitchi. Com 12 anos, logo alertou as gentes pelo seu talento no grafismo. Aos 15 anos, iniciou-se nos estudos universitários em Minsk, capital do seu país natal.
O seu talento e o seu furor pela Ilustração e pela Banda Desenhada ferviam-lhe bem para levar os seus sonhos muito mais além.
Mas veio a situação mundial da “Guerra Fria” e Andrei parou temporariamente os estudos para fazer o obrigatório serviço militar. Depois, tornou à sua ambicionada carreira.
Começou a projectar-se com ilustrações para a editora russa AST, sobretudo na linha do seu agrado, a ficção científica. Ainda na Rússia, agora para a editora Makhaon, em 1993, publicou a sua banda desenhada “Waterloo”.
Um pouco antes, viajou à aventura, para a França, onde bateu a várias portas  editoriais, pois “quem não arrisca não petisca”. Não foi fácil, mas a Casterman deu-lhe a primeira oportunidade, publicando-lhe o álbum “O Pássaro de Fogo”, baseado num conto tradicional russo e com argumento de Éric Corbeyran. E logo o mundo bedéfilo ficou de “boca aberta” com esta deslumbrante obra.
Andrei não  ficou “perdido” com este seu primeiro triunfo. Devidamente estimulado com este incentivo, prosseguiu a sua arte com pleno entusiasmo.
Em 2003, com a esposa e o filho, instala-se definitivamente em França.
É aqui, que novas criações suas vão encantando o público bedéfilo, como “Sa Magesté de Nulle Parte”, com texto de Gérard Moncomble.

Do seu encontro com Tiburce Oger, surge a obra “Ewen”, na linha do fantástico, enquanto já se demarcava com o díptico “Hyrknoss”, com textos de François Froideval.


E atreve-se a seguir, agora como autor absoluto, com a série “Illen, de l’Autre Côté du Miroir”.

Magnífico, este Andrei Arinouchkine! Vamos conhecê-lo em português?...
LB

quarta-feira, 23 de março de 2016

BREVES (24)

REVISTAS BD GRÁTIS COM A "VISÃO"
A partir de hoje, 23 de Março, e durante as próximas seis semanas, a revista "Visão" oferece aos seus leitores, seis históricas revistas BD portuguesas, que fizeram as delícias dos amantes das histórias em quadrinhos, entre os anos 30 e 80 do século passado. Heróis como Mandrake, Fantasma ou Major Alvega voltam a estar nas bancas, após anos de "ausência forçada".
As entregas têm a seguinte sequência:
23 de Março - "Falcão"
30 de Março - "Mundo de Aventuras"
07 de Abril - "Jornal do Cuto"
14 de Abril - "Cavaleiro Andante"
21 de Abril - "Galo"
28 de Abril - "O Mosquito"




EXPO DE BD SUIÇA
Em Bruxelas - pese embora os criminosos atentados terroristas de que tem sido alvo nos últimos meses - continua a respirar-se cultura e no Centre Belge de la Bande Dessinée, com o apoio da Embaixada da Suíça na Bélgica, está patente desde 4 de Fevereiro até 18 de Maio, uma grande exposição da BD Suíça, onde participam: Derib, Cosey, Daniel Ceppi, Véronik, Aloys, Zep, Buch, Valp, Goerg, Matthey, Frederik Peeters, Tom Tirabosco, Wazen, Christophe Dubois, Mara, Enrico Marini, Bertschy entre outros.
Mais informações podem ser consultadas aqui.




COLÓQUIO NA BIBLIOTECA NACIONAL
No próximo dia 30, pelas 17:30, terá lugar um colóquio promovido pela Biblioteca Nacional e pelo Clube Português de Banda Desenhada. A obra de José Garcês será o tema a abordar, tendo em José Ruy, Martinó Coutinho e no próprio José Garcês alguns dos intervenientes no debate.
Após o colóquio haverá visita guiada a uma exposição com trabalhos de Garcês.




ANIVERSÁRIOS BD EM ABRIL
Dia 03: Daniel Ceppi (suíço)
Dia 05: Carlos Pessoa
Dia 08: António Gomes Dalmeida e Sérgio Macedo (brasileiro)
Dia 11: Massimo Rotundo (italiano)
Dia 14: Nelson Martins e Dave Gibbons (inglês)
Dia 16: David Aja (espanhol)
Dia 18: Victor Mesquita
Dia 20: Artur Correia
Dia 21: Jose Luis Munuera (espanhol)
Dia 24: Enric Badia Romero (espanhol)
Dia 30: Jakob Klemencic (esloveno)

sábado, 19 de março de 2016

A ILHA DO CORVO QUE VENCEU OS PIRATAS (3)


O argumento desta história em Quadrinhos foi criado por mim e desenrola-se na época em que os corvinos, numa decisão notável, resolveram fazer frente aos piratas argelinos que lhes assolavam a ilha para roubarem e fazerem escravos.
Quando da minha presença na Ilha do Corvo, não só colhi elementos importantes sob a direção do Ecomuseu do Corvo, como tive o privilégio da participação espontânea dos habitantes, que não só escolheram os nomes para as personagens, como também decidiram sobre algumas situações criadas no enredo, e até se disponibilizaram a ser desenhados.

Apontamentos do corvino que se chama Fábio Fraga na vida real e que vai servir de modelo para a personagem (por coincidência) com o mesmo nome de FRAGA. Na história, esta figura acaba de enviuvar, e fica só com a filha Inês.
Estes nomes foram atribuídos pelo conselho dos corvinos em janeiro de 2016 quando da minha presença no local.
Embora ainda em esboço, procuro que as personagens mostrem já indícios da fisionomia dos corvinos escolhidos.

Esta vinheta pertence à página 01, como estão lembrados, mas tem uma particularidade na fala do Fraga. Dizia ele ao Vigário que punha na boca da falecida uma moeda perdida por piratas aquando de uma das aguadas feitas na ilha. Por indicação preciosa do Dr. Carlos Riley, Docente e Investigador da Universidade dos Açores, e que está generosamente a supervisionar a obra, as aguadas eram feitas pacificamente por corsários e não da mesma maneira pelos piratas que aportavam só para atacar. Emendei já a legenda.

Com o resultado da minha visita à ilha, estou a refazer todos os primeiros esboços desenhados. No artigo anterior mostrei a página 02. Agora junto a 03 e a 04.
Para se poder fazer uma comparação entre o esboço e a arte final, mostro a primeira vinheta da página 01 definitiva e por baixo o rascunho. 
No próximo artigo apresentarei mais rostos de corvinos que vão entrar como personagens nesta história.
José Ruy
26 de fevereiro de 2016

SÉRIES DE TIRAS BD (4) - EDIBAR

"Edibar & C.ª" é um caso sério de popularidade no Brasil, onde a série é publicada em diversos jornais, revistas e sites, e também nas redes sociais (só no facebook, a página de Edibar ultrapassa o meio milhão de seguidores!).
Criado, em 2001, pelo cartunista Lúcio Oliveira, Edibar é um tipo machista, que gosta de bar, cerveja gelada e mulheres (não necessariamente por esta ordem e não a mulher dele, claro, como diz o texto de apresentação do personagem na sua página do facebook).
Edibar é camionista de profissão e vive com a esposa, Edimunda. De vez em quando recebe a visita da sogra, Ana Conda, com quem tem uma relação no mínimo... turbulenta.
Estes e outros personagens fazem de Edibar & C.ª uma série de absoluto sucesso, com um humor que atinge todos os públicos, e que pode ser lida e relida diariamente aqui.
CR