quinta-feira, 30 de junho de 2016

ENTREVISTAS (22) - LUÍS CORREIA

Luís Correia (1946)
Há vários desenhistas portugueses com o apelido Correia. Os mais marcantes são: o Artur, o Luís, o Fernando e o Mário. Hoje, calha aqui a entrevista breve e merecida, com o Luís Correia.
Nasceu em Lisboa (onde reside) a 16 de Maio de 1946 e, de nome completo, é Luís Manuel Martins Correia. Um valor da BD Portuguesa!
Começou relativamente cedo, com ilustrações soltas para diversas publicações, como “A Capital”, “Flama” e “O Século Ilustrado”, vindo a assentar por largo tempo, em “O Benfica”.
O grande e belo “estoiro” da sua arte aconteceu pelos anos 70 do século passado, com dois delirantes álbuns da série “As Aventuras de D. Paio e o Principezinho”. Os dois estimáveis e esgotadíssimos álbuns: “As Aventuras de D. Paio e o Principezinho” com argumento de Magalhães dos Santos (ed. Editorial Estúdios Côr) e “O Rapto do Embaixador” com argumento de Carlos Grifo (ed. Hexágono Publicações, Lda.).
Depois, aconteceu um aparentemente forçado silêncio na sua carreira...
Bem mais tarde, em 2009, teve um terceiro álbum publicado, mas num estilo e tema totalmente diferentes.  Trata-se de “História e Estórias do ACP”, com argumento de Carlos Morgado e edição do Automóvel Clube de Portugal.
Vamos lá então à nossa conversa.

BDBD - Na sua opinião, o que justifica que tenha andado um tanto “apagado” no mundo da BD do nosso País?
Luís Correia (LC) - Após o 25 de Abril houve um esvaziamento temporal da situação existente, tornando-se pouco próprio e controlável para um D. Paio, seus pares e o matreiro Principezinho...

BDBD - No entanto, criações suas como os dois álbuns desta série, foram de grande força popular. Não a devia ter continuado?
LC - Isso não quer dizer que em algum momento não possa ser solicitado dentro de outro contexto, um novo D.Paio e a sua respectiva companhia... A minha vida profissional na artes gráficas (e não só) foi demasiado preenchida nos últimos 40 anos, não me deixando margem para a BD, de forma directa e executiva, mas houve muita actividade em ilustração infantil.

Vinheta de "D. Paio e o Principezinho"
BDBD - Se os leitores insistirem devidamente, voltaria à carga?
LC - Se os leitores assim o entenderem, não me restará outra solução senão começar a trabalhar, inventando qualquer coisa no ideal da cavalaria... (que tal um D. Paio?) que se haveria de encaixar noutro contexto terrível e atroz (actualizado)... para o herói e seus pares de aventuras.

BDBD - Tantos anos volvidos, voltou a editar-se com um álbum, mas desta vez, sobre automóveis...
LC - Sim, foi com a História do ACP, tirada quase como encomenda e muito graças ao meu malogrado amigo José Carlos Morgado (o autor), que voltei às lides dos quadradinhos, quebrando o interregno e também o causador do respectivo álbum com a História do ACP em banda desenhada... Os automóveis foram um acidente de percurso, funcionando como um normal trabalho gráfico, mas dando-me o gozo da BD enquadrada no histórico e mais 8 meses de treino (a desenhar automóveis, que não era o meu forte...) e a prestar ao mesmo tempo a minha homenagem à clássica banda desenhada, porque foi tudo executado pelo processo dos anos 60, 70...(balões à mão no original). Essas pranchas  estiveram expostas na Amadora.

BDBD - O que significa para si a Banda Desenhada?
LC - Para mim, a Banda Desenhada é uma mensagem/comunicação de uma Arte que não estando sólida (é imaginativa... sempre!) transmite-nos, apesar de flutuante, o seu quê de crítica ao real, quer política quer social, do tempo presente ou em determinado momento da História.

BDBD - Tem acompanhado o que se vai publicando da BD Portuguesa? O que pensa desses exemplos? Encontra aí novos e bons valores?
LC - Como disse, por motivos diversos, não me foi possível fazer um acompanhamento exaustivo da BD actual... mas não andei longe. Recordo uma pequena intervenção crítica que fiz  sobre um autor americano na revista “Colóquio Artes”, e constantes visitas aos alfarrabistas para apreciar o panorama corrente e o trabalho de alguns jovens.

BDBD - Que mensagem quer aqui deixar para os seus leitores?
LC - O meu grande abração ao pessoal da BD e em especial a si, Luiz Beira, pelo seu esforço em prol da Arte aos quadradinhos.
LB



segunda-feira, 27 de junho de 2016

NOVIDADES EDITORIAIS (96)

GOLD BLACK - Edição Lombard. Tem argumento de Benec, traço de Thomas Legrain e cores de Elvire De Cock. Trata-se do 9.º tomo da série “Sisco”.
Como todo o bom agente secreto, Sisco é corajoso, astuto, frio, etc, insinuando-se com as suas destemidas apostas pessoais, pelos mais diversos meandros das sujeiras políticas e das mais “divinas” corrupções.
Todavia, Sisco, havia abdicado da sua carreira oficial e profissional. Digamos que queria viver em paz...
Pois sim, pois não! Quem de direito do Governo Francês (Sisco é ou era um agente francês) convida-o para uma acção delicada e explosiva nas negociatas sujas do petróleo, algures pelas zonas de vários territórios do Oceano Pacífico... Pensa recusar, mas fica a saber que a sua paixoneta fora raptada no Sudão... E pronto, aceita o desafio!...
“Sisco” é uma série plena de acção e sem contemplações de qualquer género, que deve ser lida e acompanhada.

EDIBAR - Edição HQ Maniacs Editora, Lda. Autor: Lúcio Oliveira, com um prefácio de Marcelo Alencar.
Para os que usam dentadura e pensam que ela está segura, é conveniente firmá-la bem antes de começar a ler este álbum (tamanhas serão as gargalhadas!...), que foi apresentado pelo autor no Festival de BD de Beja deste ano.
Edibar é um personagem fantástico, um tanto gabarolas e aldrabão, fanaticamente doido por cerveja, e que vive com uma esposa horrenda e resmungona, Edimunda, e que, volta não volta, tem ainda de suportar a sua sogra, Ana Conda, ainda mais horrenda e repulsiva que a filha...
Com tudo isto, é só risota garantida.
Curiosamente, há um veterano desenhista romeno, Marian Radu, que aborda similarmente as paródias anti-sogra no álbum “Bem-Vinda Querida Sogra!” (Bine Ai Venit, Mamã Soacrã!), do qual e do seu próprio bolso, Radu fez uma curta edição em português que ofereceu aos presentes no Salão Internacional de Viseu-2009.
Aplausos a Lúcio Oliveira!


SANTO ANTÓNIO - Edição Europress. Autor: José Garcês.
Na antevéspera do Dia de Santo António, com o matutino “Público”, foi posto à venda um novo álbum elaborado por mestre José Garcês, actualmente o decano dos desenhistas portugueses: “Santo António”.
Sabíamos que era um velho sonho de Garcês, mas o álbum lá apareceu, digamos que de surpresa. E no entanto, já em 1959, no n.º 12 da revista “Camarada” (2.ª fase), aí se encontra noutra versão e apenas numa prancha, o mesmo e
nosso Santo António, que os italianos querem à força que seja de Pádua, quando ele é de Lisboa.
Santo António, o mais popular santo português, merecia esta honra em Banda Desenhada. No entanto, que não se propale para aí, que é o Padroeiro de Lisboa. Não, não é!... O Padroeiro de Lisboa é S. Vicente, martirizado e morto em Espanha, mais tarde enterrado no Algarve e cujos restos mortais, D. Afonso Henriques, fez transladar para Lisboa.
De Santo António, que começou por ser Fernando de Bulhões, conhecem-se melhor as lendas populares que a verdade histórica da sua passagem por esta vida. De qualquer modo, é interessante conhecer-se esta obra de José Garcês.
LB

sexta-feira, 24 de junho de 2016

HERÓIS INESQUECÍVEIS (40) - OS QUATRO MAIS "LOUCOS"

Não figuram normalmente no pódio dos fabulosos heróis bem divertidos da Banda Desenhada, mas são, afinal, altamente populares entre os bedéfilos. São talvez os quatro mais terríveis a encantar-nos com as suas loucas peripécias: Gaston Lagaffe, Marsupilami, Rantanplan e Nabuchodinosaure. Talvez pudéssemos aqui acrescentar um quinto, o Flagada, mas esse fica para outro tempo...


GASTON LAGAFFE
Mais conhecido entre nós como Gastão das Broncas, é criação do mestre belga Franquin (1924-1997) e surgiu pela primeira vez no n.º 985 da revista "Spirou", a 28 de Fevereiro de 1957. Aparece de repente na redacção desta revista e... bom, acaba por ficar encarregue da manutenção dos extintores, o que não o livra de provocar aparatosos incêndios.
Dorminhoco, distraído por excelência e romântico, qualquer gesto (ou não-gesto) seu pode provocar uma catástrofe. Das suas acções, nenhuma sai certa!
Adora inventar coisas esquisitas, dedicando-se, também, à Música (safam-se os surdos) e à Culinária (só para quem tem estômago de aço).
Estimado, mas também temido dado às suas constantes trapalhadas, vive apaixonado (sendo correspondido) pela sua colega Mademoiselle Jeanne. Quem não pode com ele, é o Sr. Aimé de Mesmaker, que não consegue triunfar nos seus negócios graças às "gastonices".
Apaixonado pela Natureza, vai ao ponto de alojar no seu gabinete na redacção da revista, animais como o gato Dingue, uma gaivota caprichosa e sem nome, o ouriço Kissifrot, o ratinho Cheese, o peixinho Bubulie, um papagaio, uma lagosta (que ele salvou de um tacho com água a ferver), um camaleão, um cavalo, etc, incluindo uma vaca que ele recebe de presente de um tio provinciano; só
não leva para lá o elefante Marajá, que ele visita com frequência no Zoo...
Este herói, cedo e merecidamente ganhou a sua própria série, que tem sido editada em Portugal (Arcádia, Meribérica e Asa/Público).
Em 1981, Paul Boujenah realizou a longa-metragem "Fais Gaffe à la Gaffe!", com Roger Miremont no papel principal.




RANTANPLAN
Criado por Goscinny e Morris, Rantanplan, classificado como o cão mais estúpido do Oeste, apareceu pela primeira vez no n.º 1138 da revista "Spirou", a 4 de Fevereiro de 1960, na aventura de Lucky Luke, "Na Pista dos Dalton". Logo captou a atenção dos bedéfilos. A sua popularidade subiu e daí, o ter ganho a sua própria série, com mais de uma vintena de álbuns, com vários deles editados em português. Um triunfo merecido.
Em 1983 e em 2006, pelo Cinema de Animação, também se notabilizou na Televisão.




MARSUPILAMI
É um pândego, divertido e heróico animal... não definido.
Criação de André Franquin, o Marsupilami, apareceu pela primeira vez na revista "Spirou" n.º 720, a 31 de Janeiro de 1952, numa aventura de Spirou e Fantásio, "Spirou et les Hèritiers". 
Claro que, com o tempo, o Marsupilami acabou por ganhar a sua merecida série própria, com sete álbuns editados entre nós pela Asa e, recentemente, pela parceria Asa/Público.
Obviamente, a Televisão e o Cinema não olvidaram este espantoso herói, com diversas séries televisíveis e, em 2012, com a longa-metragem de Alain Chabat, "Na Pista do Marsupilami".





NABUCHODINOSAURE
Para os íntimos, ele é apenas Nab. Em português,bem o poderíamos tratar por Nabo (que em francês é navet), pois este personagem, impagavelmente irresistível, cretino e cómico, é mesmo "um grande nabo"!...
O seu nome deriva de uma junção inventada pelos seus criadores do nome do rei babiloniano Nabucodonosor e a palavra dinossauro, ou seja, o argumentista Herlé e o desenhista Roger Widenlocher (que já esteve presente nos Salões "SobredaBD/1995" e "ViseuBD/1999")... Aliás, em verdade, Roger é um verdadeiro "tratado de bom e constante humor" .
Nab apareceu pela primeira vez no mensário "Je Bouqine", em 1989, e os seus autores foram premiados em 1993 na famoso Festival de Angoulême. A série, completamente inédita em português (?!!...), conta já com catorze álbuns.
Mas... quem é o Nab? Existindo na Terra antes da Pre-história, é um pacífico, pequeno e esverdeado dinossauro que "vive" para além do seu tempo. Considera-se como o primeiro ser dotado de uma inteligência capaz e superior e sente-se incompreendido pelos seus pares. Claro que tudo isto provoca hilariantes e imperdíveis situações... Um delírio!
Até hoje, ainda não fomos capazes de entender porque é que esta tão divertida série jamais foi editada em Portugal!... Será que os nossos editores-BD são mais nabos que o bom do Nab?!...
LB

terça-feira, 21 de junho de 2016

BREVES (28)

EXPOSIÇÃO TRIGO / MAGALHÃES
Na próxima quinta-feira, 23 de Junho, às 19:00 horas, inaugura na Bedeteca da Amadora uma exposição dedicada a dois nomes incontornáveis da BD portuguesa: Augusto Trigo e Jorge Magalhães.
Numa parceria entre o Clube Português de Banda Desenhada e a Bedeteca da Amadora, a mostra pretende fazer uma retrospectiva sobre a vasta obra destes autores, cuja carreira está intimamente ligada através duma frutífera parceria, que tem produzido alguns dos melhores álbuns publicados no nosso país.
A qualidade da obra de Trigo e Magalhães merecem, sem dúvida, uma visita atenta e demorada.
A exposição estará patente até 26 de Agosto e pode ser visitada de terça a sábado, entre as 10:00 e as 18:00.



CORENTIN FAZ 70 ANOS!
Capa do último álbum de Corentin
"Les Trois Perles de Sa-Skya"
É um herói-ícone da Banda Desenhada Europeia.
Assim, Corentin, nasceu a 26 de Setembro de 1946 na revista belga “Tintin”, com argumento de Jacques Van Melkebeke e arte de mestre Paul Cuvelier.
Com enredos entusiasmantes, Corentin Feldoé, viveu belas aventuras, algumas editadas em português.
Neste 2016, ele celebra os 70 anos de idade e é recuperado festivamente pelas Éditions du Lombard (Bélgica), com uma nova aventura: “Les Trois Perles de Sa-Skya”, agora com o argumento de Jean Van Hamme e arte gráfica de Simon Christophe.
Parabéns, Corentin!
Parabéns, Éditions du Lombard!
Mais informação pode ser consultada aqui.



ANIVERSÁRIOS EM JULHO
Dia 03 - Arlindo Fagundes
Dia 06 - Mário Correia
Dia 07 - Ionut Popescu (romeno)
Dia 10 - Juan Espallardo (espanhol) e Simone Bianchi (italiano)
Dia 11 - João Mascarenhas
Dia 12 - Ricardo Cabrita
Dia 15 - Yorgos Botsos (grego)
Dia 16 - Hugues Barthe (francês)
Dia 17 - Hermann
Dia 18 - Carlos Alberto Santos
Dia 19 - Rui Mendes e Jordi Planellas (andorrano) 
Dia 23 - José Garcês
Dia 25 - Attila Fazekas (húngaro)
Dia 27 - André Carrilho

domingo, 19 de junho de 2016

NOVIDADES EDITORIAIS (95)

SURVIVANTS / 4 - Edição Dargaud. Autor: Leo.
Um pequeno grupo de sobreviventes de um acidente no espaço vai parar ao misterioso planeta GJ 1347-4. Quatro desses sobreviventes, dois terrestres (Manon Alex) e dois holorans (Antac Selkert) descobrem que houve uma inexplicável anomalia quântica e que eles avançaram 93 anos para o futuro!...
Mas a aventura não se fica por este mistério angustiante, pois há muitos, mesmo muitos, perigos a enfrentar.


FREE LANCEEdição Moonkid Comics. Traço e argumento de Diogo Carvalho e cores (um tanto exageradas) de Nimesh Morarji.
Este mini-álbum foi lançado-apresentado na abertura do recente Festival de Banda Desenhada de Beja. Tem a particularidade de revelar mais um herói na nossa BD: Free Lance, aqui em duas curtas aventuras, “Trabalho de Aluguer” e “Sacrifícios”.
Free Lance é um corajoso e pobre mercenário que tenta sobreviver num mundo da “espada e feitiçaria”, ou seja, pleno de armadilhas e traições.
É aconselhável que se conheça a obra deste jovem criador da BD Portuguesa.


LE SPIBORG - Edição Lombard. Argumento de Jean Dufaux e arte de Olivier Grenson. “Le Spiborg” é o 14.º tomo da série “Niklos Koda”, que começou com o herói a funcionar como um diplomata e espião e que, a pouco e pouco, vai abandonando essas funções para mergulhar em absoluto pelo mundo da Magia - a Branca e a Negra.
E tudo parece agora decorrer num clima de um pesadelo delirante e sufocante...
LB

quinta-feira, 16 de junho de 2016

A ILHA DO CORVO QUE VENCEU OS PIRATAS (5)

OS CORVINOS QUE VIVERAM DUAS VEZES

Neste quinto artigo sobre a história que estou a realizar na Ilha do Corvo, a convite e por sugestão do Coordenador do Ecomuseu, Eduardo Guimarães, chamo a atenção para um aspeto curioso: os corvinos que estão a viver duas vezes, uma na época atual e outra, quatro séculos antes.
Como é possível isto acontecer? Pela magia das Histórias em Quadrinhos. Vejamos:
Página 07
Na página 07, agora desenhada definitivamente, pois os esboços ficaram para trás, aparece um conjunto de personagens que dão vida a um episódio passado na Ilha do Corvo em 1632. Como já esclareci, trata-se de um ataque de piratas à Ilha e da resistência heroica dos seus habitantes. O documento escrito na altura, conta todo o desenrolar da luta, com pormenores precisos e regista o nome do padre que assistiu a tudo e escreveu o texto. Porém, quanto aos nomes dos corvinos resistentes e quem eram na realidade, é omisso.
Ao construir o argumento recriei cada figura, dramatizei as atitudes, os seus passos, as paixões e os rituais durante a narrativa.  
Coube aos corvinos atuais, quando estive na Ilha do Corvo, definirem certas circunstâncias e decisões dessas personagens, numa colaboração espontânea e generosa que me satisfaz imenso.
Como expliquei nos artigos anteriores, foram muitos que voluntariamente se apresentaram para que os desenhasse, emprestando a sua fisionomia às personagens que eu criara.
Nesta página 07, houve a oportunidade de reunir algumas das fisionomias. Da esquerda para a direita, seguindo as personagens que aparecem na primeira vinheta, mostro pela mesma ordem o desenho que fiz de cada corvino.
Vamos saber os nomes próprios dessas pessoas que serviram de modelo, com a sua prévia autorização: 
Alfredo Emílio
João Brito Rodrigues
Alfredo De Ana Caetano (que usa óculos mas retirei-os na personagem)
Sérgio Patrício
e, no extremo da vinheta, Luís Faustino, que "encarna" o Gaspar
No resto da página aparecem mais personagens fixas, como o Francisco, cujo modelo se chama Gonçalo Pereira...
...a Inês que é a Bárbara Proença...
...e o Tio Fraga, Fábio Fraga, que por coincidência mantém o mesmo nome.
A distribuição dos nomes destas figuras principais da história foi também realizada pelos corvinos, em assembleia na Sala de convívio da Santa Casa da Misericórdia do Corvo, em janeiro de 2016.
Portanto, estes corvinos e corvinas estão a viver duas vezes, uma no século XVII nesta aventura, e presentemente no século XXI a sua vida real. É uma situação curiosa, que deixo ao dinâmico e eficiente Eduardo Guimarães, coordenador do Ecomuseu do Corvo, de apurar junto destes amigos a sensação de cada um ao ver-se protagonista neste enredo.

Agora vejamos o comportamento das personagens. Na História em Quadrinhos, na página 04, o Fraga zanga-se com o Francisco, por este querer namorar com a sua filha, a Inês. Ora o amigo Fábio Fraga (verdadeiro) é uma pessoa pacata que contrasta com esse temperamento. Acontece o mesmo com a Bárbara (Inês) e o Gonçalo (Francisco) que emprestam as suas figuras, como os atores nas representações teatrais, e andam aqui abraçados e às escondidas, o que não acontece na vida real.
Página 04
Nesta página 04, quero ainda chamar a atenção para outro pormenor.
Antes de começar a passar a história a desenho, colhi muito material iconográfico da época em que se desenrola a ação. Mas nunca chega. Vejam só:
Tenho neste momento a honra de ser acompanhado por três cientistas, autores de importantes obras sobre a Ilha do Corvo: João Saramago, linguista da Universidade de Lisboa, Carlos Riley, historiador, como já fiz referência nos artigos anteriores e José Neto, arqueólogo da Direção Regional da Cultura dos Açores. 
Observaram eles cuidadosamente os esboços, e nessa fase deram um grande contributo fornecendo-me documentação, descrevendo usos e costumes, rituais, objetos e o interior das casas na época. O Eduardo Guimarães do Ecomuseu também tem sido incansável na pesquisa.
Mas quando o desenho passa ao definitivo, os detalhes aparecem mais vivos e é a altura de os apreciar melhor. Ao enviar-lhes a página 04, em que a Inês utiliza uma vasilha de madeira para ir buscar água, o José Neto pressuroso, enviou-me uma nota sobre esse objeto, que transcrevo, para poderem ver o rigor com que estamos a realizar a obra:
E a bilha foi substituir a outra vasilha no desenho. Cada coordenador, tendo conhecimento de algo mesmo não sendo da sua área, avança com a informação e documentos iconográficos. Uma maravilha de pessoas, de colaboração e de amizade que já nos une fortemente.
Página 04, versão definitiva.
No próximo artigo descreverei como chegámos à reconstituição do interior das habitações no século XVII.

José Ruy
3 junho 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (9) - ANNIE GOETZINGER (França)

Annie Goetzinger (1951)
Ela é elegante, delicadíssima, super simpática e bonita. Absolutamente amante de gatos, a francesa Annie Goetzinger nasceu em Paris a 18 de Agosto de 1951.
Residiu vários anos em Barcelona, donde o dominar os idiomas castelhano e catalão e... entender o português. Algumas vezes visitou o nosso País como turista, mas em 2006, cá tornou para ser homenageada no salão “Sobreda-BD /2006”, onde recebeu pelas mãos de Catherine Labey, o Troféu Sobredão.
Aberta ao mundo, tem vasta obra e um traço elegante e admirável. No entanto, por bizarro capricho do destino, só nos constam dois álbuns seus em português: “Casque d’Or” (pela Betrand/Portugal) e “O Tango do Desaparecido (pela Bertrand/Brasil)...
Ora atentemos que há valorosas obras  de Annie Goetzinger a registar e a ler, como as séries “Felina”...

...e “Agence Hardy”...

...e uma infinidade de “álbuns únicos”, como “La Sultane Blanche”...

“Paquebot”...

“L’Avenir Perdu”...

“Barcelonight”...

“Le Tango du Disparu”...

“Judy Garland”...

“Légende et Réalité de Casque d'Or”, etc...
 

Infelizmente, por agora, só a podemos ler em francês e em castelhano!... A bom entendedor...
LB