segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

EVOCANDO (23)... FERNANDES SILVA

Fernandes Silva (1931-2010)
Faz hoje precisamente sete anos que Fernandes Silva, um bem notável e inesquecível desenhista da Banda Desenhada Portuguesa, nos deixou.
De seu nome completo António Fernandes da Silva, nasceu em Lisboa a 18 de Agosto de 1931 e faleceu a 30 de Janeiro de 2010. Por alguns poucos anos antes, com frequência o víamos (e conversávamos) pela livraria da Fnac-Chiado ou, aos sábados, pelas feiras dos livros e revistas, na Rua Anchieta, em Lisboa.
Conhecemo-nos em 1977... Nesse ano, eu (LB) era repórter e redactor do semanário “Branco e Negro”, onde também funcionava como cartunista o Victor Mesquita que, amigo e solidário, me deu os contactos que redundaram, com o rodar dos tempos, em belas e infindáveis amizades...
Nesse semanário, havia uma rubrica sob o tema “Profissões”. Numa das vezes que me calhou, deu-me uma veneta atrevida: escolhi o Banda Desenhista!... Tudo começava com um intróito sobre a profissão, seguindo-se um inquérito com gente da causa... O complicado é que, exceptuando o Mesquita, eu não conhecia mais nenhum dos outros... Mas, atrevi-me e desafiei-os a todos a irem à redação do “Branco e Negro”, onde aconteceriam apenas seis perguntas para um inquèrito comum... E foi a maravilhosa loucura!
Nesse artigo-reportagem-inquérito, para além de lógicamente o Victor Mesquita, os restantes foram: Fernando Bento, José Ruy, FERNANDES SILVA, Carlos Alberto, Artur Correia, José Garcês e Vitor Péon.
Foi uma glória para mim, a nível pessoal, e para a BD portuguesa em geral, pois o tema, finalmente, sacudiu e despertou tanta e tanta gente bedéfila que andava apática e senza fare niente pela causa.
E destes, o mais intrigante e emotivo é o caso Fernandes Silva, pois, com o tempo, vim a saber e a ser directamente desenganado, que ele era avesso a “grandes confusões”... Esta reportagem histórica aconteceu no semanário (hoje extinto) “Branco e Negro” n.º 6, a 18 de Janeiro de 1977... Ò tempo!...
Pois Fernandes Silva tinha uma personalidade peculiar; não gostava nada de altos convívios e/ou tertúlias e seguia as suas reservas (respeitáveis) a novos contactos e/ou abordagens... Mas preferia conversar com uma ou duas pessoas que estimasse, como foi o meu caso, pelo que o registo em recíproca estima e na plena saudade...
Estudou na famosa Escola António Arroio de Lisboa. Estreou-se como desenhista no “República dos Miúdos”, suplemento do quotidiano “República”, em 1950.
Colaborou depois, deslumbrando os bedéfilos, em “Diabrete”, “Cavaleiro Andante, Camarada” (2.ª fase) e “Flecha”.
"O Estranho Caso do Dr. Rapioca", in "Diabrete"
"Aventuras de um Trovador", in "Diabrete"

"O Outro Lado da Lua", in "Camarada" (2.ª fase)

"O Ponto - Detective Privado", in revista "Flecha"
Autorizou-me plenamente e com afinco (eu estava ainda à frente das actividades do saudoso GBS-Grupo Bedéfilo Sobredense), a reeditar dele tudo o que quisesse dos seus trabalhos, mas que eu teria de “descobrir” os mesmos, pois não tinha com ele nenhum original...
Embora com a compreensiva ausência física, Fernandes Silva foi homenageado no salão “SobredaBD / 2000”, tendo-lhe sido atribuído o Troféu Sobredão (que lhe foi enviado por correio e que ele recebeu e agradeceu).
Pela Holanda, a notável Lambiek Comiclopedia, bem o menciona e regista.
Que haja alguém com sensibilidade e lucidez - Governos e/ou editoras - que recupere com urgência a sua obra, que é curta mas valorosa, em gesto positivo e consciente pelo património da Cultura Portuguesa!
Até lá, amigo Fernandes Silva, está e estará sempre connosco!
LB


Primeira prancha de "Alice no País das Maravilhas", in "Cavaleiro Andante"

2 comentários:

  1. Saudações,

    Do "Ponto", personagem bem original, conheço pouco, mas, quanto à Alice (!)... é uma das melhores versões (no mínimo, em português) dessa famosa história de Lewis Carroll !!
    Pena que as últimas pranchas sejam de formato diferente das restantes o que invalida uma possível (re)publicação...

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    1. Caro amigo
      Tem toda a razão no seu comentário. O mal está nas precipitações das impressões de então... Talvez esta obra surja um dia num
      álbum condigno.
      Um abraço
      Luiz Beira

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